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    Crônica: Houve um Quinze de Novembro_ Zé Carlos Santos Peres

    1423 Jornal A Bigorna 15/11/2019 12:00:00


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    Por José Carlos Santos Peres

    Quando dividíamos carteiras no “Matilde Vieira” o quinze de novembro era todo do Marechal Deodoro da Fonseca. Bandeiras hasteadas, mãos no coração; e os hinos espantavam as pombas buliçosas que lá iam pousar.

    Uns versinhos rimando Brasil com varonil e pronto, tínhamos o resto do dia para o futebol, bicicleta monark e às pernas das normalistas nos arredores do Cel. João Cruz.

    Hoje, poucos sabem (sabemos) dos motivos para o feriado... Não sabíamos muito, que a história do Brasil nunca nos foi bem contada. E pode ficar pior, que há mentes obtusas e insanas que querem calar a liberdade de expressão da cátedra; silenciar vozes críticas e preparadas e transformarem a escola num ambiente burocrático, alienado, moralista e ultrapassado. Mas isso também é outra história.

    Pois naquele tempo do Matilde quem empunhava espada era herói. Montado a cavalo, então... Duque de Caxias, intocável. Aliás, o Duque está em alta, novamente. Falar mal do Pacificador significava agredir a memória mais honrosa das forças armadas. Houve um Lourenço que virou crônica de cárcere.

    Eu gostava mesmo era do Quintino Bocaiúva. Não em decorrência de seus feitos. Se é que ele fez alguma coisa importante... Fez, claro! Um vulto histórico não é vulto á toa. Mas minha predileção era pelo nome: estranho e sugestivo. Hoje, por falar Quintino, sou mais Zico, o galinho.

    Alguma coisa me diz, sim, que nessa história de República ele, Bocaiúva, cumpriu papel de destaque. Havia também o Benjamin Constant, que carregava o Positivismo debaixo do braço e, se esta memória envelhecida não me falha, era amigo do Bocaiúva, meu centro-avante preferido.

    A Proclamação da República se deu em 1889. Decorei a data. Toda prova mensal, então já no Ginásio da Escola Artesanal – lá onde o apito da Sorocabana soou um dia - o professor Sérgio queria saber da data em que o Marechal Deodoro da Fonseca reuniu o exército brasileiro na Praça da Aclamação para derrubar o Imperador D. Pedro II e proclamar a República dos Estados Unidos do Brasil, promulgada depois, em 1891.

    A instalação da República veio em decorrência das lambanças da monarquia. Deram lá umas pedaladas... O fato é que a guerra do Paraguai acabou com as nossas finanças. Tanto que o Império precisou recorrer à Europa para fazer caixa. O buraco alargou-se: de 3 milhões de libras esterlinas em 1871 para quase 20 milhões em 1889, quando então o Bocaiúva – o cara -disse para o Deodoro: dê o grito, cara! E ele gritou!

    Bem, não só a crise financeira desencadeou o processo. Havia outras turbinando o departamento, até que D Pedro acenou à Câmara com reformas estruturais que passavam pela autonomia às províncias, liberdade de voto, liberdade de ensino, liberdade religiosa etc. Essas coisas aí que, mais de um século depois, estamos clamando. Pelo jeito não mudou muita coisa, não!

    As reformas do homem, porém, nem chegaram a sair do Gabinete do visconde de Ouro Preto em direção à Câmara. No dia 15, num mar de boatos dando conta que o Marechal Deodoro tinha sido preso e Benjamin escorraçado com o seu Positivismo, as tropas do Exército tomaram o poder.

    O povo? Bem, o povo, como hoje, nem sabia direito o que estava acontecendo... Dormiu monarquista, acordou republicano.

    Naquela época, aqui em Avaré, o transporte era feito através de muares e carros de bois. Por isso, conforme nos conta Paschoal Bocci, a inauguração da Linha de Trolys foi um acontecimento em tanto. A linha fazia o percurso Avaré (então Rio Novo) a Botucatu. O rionovense pagava 10$000 pela passagem. Precisava tomar o veículo às 5 horas da matina. Mas o condutor garantia que no mesmo dia ele desembarcaria naquela cidade.

    Outro problema sério que a cidade enfrentava era o “apagão”. Em 1885 o Juca Dyonísio (presidente da Câmara) riscou “o binga” e acendeu o primeiro lampião. Em 1889 a cidade contava com 27 peças. Foi quando os moradores da Rua Visconde do Rio Branco (hoje, Rio de Janeiro) fizeram um abaixo-assinado pedindo, pelo menos, mais três lampiões na referida rua.

    No meu tempo de estudante o 15 de novembro se fazia em praça pública, com direito ao hino (belíssimo, aliás):

    “Seja um pálio de luz desdobrado/Sob a larga amplidão destes céus/Este canto rebel que o passado/ Vem remir dos mais torpes labéus!/ Seja um hino de glória que fale/ De esperança, de um novo porvir!/Com visões de triunfos embale/ Quem por ele lutando surgir!

    Hoje, regredimos até nos hinos... O povo canta o Ame-o ou Deixe-o!, sem saber o que a Ode expressa, a quem se destina.

    *José Carlos Santoss Peres é escritor

     

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