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    O ANO É NOVO _José Carlos Santos Peres

    Crônica

    1000 Jornal A Bigorna 01/01/2020 15:50:00

    Estamos em 2020! Há um caminho a ser percorrido. Parece longo, mas daqui a pouco haveremos de romper a fita de chegada, que 2021 é logo ali, na esquina do calendário.

    Alguns ficarão pelo caminho, não por livre e espontânea vontade, mas por que a vida é assim mesmo. Há sempre uma pedra no meio do caminho e nem sempre é possível removê-la. A aceitação, porém, mitiga o efeito. Aceitação não significa resignação, vale dizer. 

    Como estamos em início de ano este cronista de coreto se vê na obrigação (instado) de folhear o seu Minuto de Sabedoria, com todos os clichês possíveis.
     
    Muitos se alimentam de mensagens “chute no saco”, de livros de Auto Ajuda que enriquecem autores da obviedade. Cada um no seu quadrado, porém. 

    Quem somos, pessimistas juramentados que somos, para tirar o ânimo de leitor em casca de Prometeu Acorrentado reconstruindo suas feridas a cada toque dilacerante da ave do destino?

    Sejamos realistas, que o mar de mariana não está para peixe. Há sempre o perigo do Japonês da PF bater à nossa porta ao nascer do sol, não para nos falar da Mega da Virada, mas para explicarmos o porquê da bosta em Geni, quando partilhamos fakes e agredimos a lógica da boa convivência, por exemplo.

    Na verdade, somos vítimas do acaso; não traçamos nosso destino com régua e compasso da coerência, por mais vigilantes... Há armadilhas espalhadas pelas curvas prontas para nos içar ou degolar. 

    A máquina e seus tentáculos... A máquina e seus tentáculos! Quando damos pela engrenagem ela já nos engoliu, daí não facilitamos passagem ao idoso, não obedecemos os sinais de trânsito, subimos o tom com o balconista, ignoramos o pedinte e atiramos a pet de nossa ignorância na sarjeta dos nossos descuidos. 

    Fossemos pastores de ovelhas o único cuidar seria com um lobo faminto ou alguma raposa desgarrada. Nosso pastoreio, porém, é bem outro: não há sombra e água fresca, paz solene dos campos ao entardecer, algaravia festiva de pássaros de arribação. Nosso cuidar é eletrônico, poluente, agressivo, veloz, contaminante... O idílio se perdeu no primeiro saco de argamassa. 

    Saímos do abstrato. Somos concretos, pragmáticos, empreendedores dos nossos interesses, ideólogos de nossos objetivos, competitivos como reza a cartilha capitalista do sucesso. 

    Tudo hoje é Black bloc estourando as janelas do nosso olhar, o establishment que criamos ou deixamos a máquina criar dirigindo nossos passos apressados... 

    Quando da última rosa na janela? Houve um tempo de delicadezas... Hoje somos foda, esse emblema/frase da moda de mau gosto que mais nos explica que justifica. 

    A máquina e seus tentáculos... Cuidemos de 2020 com um olhar mais generoso, com mais dádivas e delicadezas. 

    Só assim, vigilantes, seremos capazes de negar pedras às Genis – hoje representadas nessas Redes Sociais/Terra de Ninguém – e evitarmos do japonês tocar o interfone de nossas casas, antes que uma ovelha qualquer venha a balir no pasto dos nossos sonhos a dura e crua realidade destes tempos intolerantes, milicianos e ignorantes.

    José Carlos Santos Peres é escritor

     

     

     

     

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