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    Palanque do Zé #188 – O triste caso do Hipster e a impossibilidade de se legislar sobre a loucura

    975 Jornal A Bigorna 07/03/2022 16:00:00

    Palanque do Zé #188 – O triste caso do Hipster da Federal e a impossibilidade de se legislar sobre a loucura

    Fiquei chocado ao ler, na última semana, que o Policial Federal Lucas Soares Dantas Valença, de 36 anos, havia morrido ao ser baleado na barriga após invadir uma casa num sítio, que se localiza na cidade de Buritinópolis, interior de Goiás. Ele estava tendo um surto psicótico.

    De acordo com o Boletim de Ocorrência lavrado por ocasião dos fatos, Lucas desligou a energia e conseguiu arrombar a porta, quando um dos moradores determinou que o mesmo recuasse. Diante da negativa, o Chefe da Família efetuou um disparo que atingiu o peito do Policial, que faleceu no local.

    Conforme soube por meio da imprensa, Lucas era formado em engenharia elétrica e ingressou na Polícia Federal em 2013, onde integrava o Comando de Operações Táticas. No ano de 2016, foi apelidado de “Hipster da Federal” pelos jornais, ao ficar nacionalmente famoso por integrar a equipe destacada para realizar a escolta para a prisão do Ex-Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.

    Conforme as testemunhas do fato, no momento do crime, Lucas estava descontrolado e gritava que “havia um demônio” dentro daquela casa.

    A Advogada da família do Policial, Dra. Sindd Lopes, afirmou que ele sofria de depressão profunda e fazia tratamento desde o início da pandemia. Embora ainda não tivesse um diagnóstico fechado, a suspeita é de que ele sofresse de Transtorno Afetivo Bipolar.

    A Advogada ainda esclareceu que o Policial saiu pra fazer uma caminhada durante a noite e se perdeu. Quando tentava voltar para casa, confundiu o rancho dos vizinhos com o dele e tentou entrar na residência.

    Lucas e os vizinhos se conheciam há anos e não havia nenhuma inimizade entre eles.

    O Policial Federal foi descrito pela Defensora da família como sendo uma pessoa amorosa e sensível, que não bebia, não fumava e era vegetariano, além de ser adepto da ioga, meditação e da causa animal, já que ficou conhecido por abrigar animais abandonados para depois encaminhá-los à adoção.

    Lucas não era bandido ou uma pessoa má. Mas sim um homem que, no auge de seu sofrimento, representou perigo de vida para terceiros e sofreu as consequências disso.

    Certa vez, o Ex-Primeiro-Ministro da Inglaterra, David Cameron, por ocasião de um atentado terrorista ocorrido em Londres, disse: “É impossível legislar sobre a loucura”.

    Pois é.

    E esse é apenas mais um, dos motivos que me fazem ter a certeza de que o cidadão de bem precisa ter uma arma de fogo, pois ela permite que haja uma equalização das forças.

    Somente as armas de fogo são capazes de colocar em pé de igualdade, em termos de força, um cadeirante contra um assaltante, uma mulher contra um estuprador ou um idoso contra um traficante, por exemplo.

    Eu realmente lamento e me entristeço com o caso do “Hipster da Federal”, que estava sofrendo de uma doença mental, que aliás, é assunto criminosamente negligenciado em nossa sociedade, sobretudo quando atinge os Policiais, algo infelizmente muito comum no meio.

    Mas o fato é um só: Ali, na hora do vamos ver, quem mais poderia defender a família contra um homem forte, treinado e surtado, senão o Chefe da Família, com sua espingarda?

    Ah, mas a Polícia poderia ter sido chamada e... Caro leitor, a Polícia não é onipresente. Não terceirize a responsabilidade de defender os seus e a si mesmo, para quem quer que seja, muito menos para o Estado, que é ineficiente em praticamente tudo o que se propõe a fazer!

    No Brasil, temos o péssimo hábito de, enquanto sociedade, só agir depois que desgraças acontecem. Espero que a morte de Lucas sirva para que possamos discutir, sem hipocrisia, o armamento civil da população, bem como o tratamento digno aos que sofrem com doenças mentais.

    Só assim o “Hipster da Federal” não terá morrido em vão.

     

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