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    Vice é sempre uma sombra, mas por enquanto está tudo bem, diz Bolsonaro

    Política

    1102 Jornal A Bigorna 25/04/2019 20:00:00

    No quarto dia consecutivo de ataques ao vice Hamilton Mourão, o presidente Jair Bolsonaro falou diretamente sobre o assunto pela primeira vez. Num café com jornalistas, nesta quinta-feira, 25, ele reconheceu que o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), seu filho, tem um “ânimo um pouco exaltado” e disse que “nem sempre” concorda com o que ele posta nas redes sociais, mas admitiu que sua relação com o vice tivesse alguns senões. A fim de minimizar os problemas, porém, comparou as dificuldades às de um casamento. “E esse casamento é, no mínimo, até 2022”, afirmou. “Vice é sempre uma sombra e, às vezes, não se guia de acordo com o sol. Mas, por enquanto, está tudo bem.”

    O próprio Bolsonaro tocou primeiro no assunto espinhoso na conversa com jornalistas de vários veículos, incluindo o Estado. Sentado ao lado de Mourão, o presidente assegurou que seu filho – hoje considerado um franco-atirador até no Planalto – continuará tendo acesso à sua conta nas redes sociais, apesar da polêmica dos últimos dias.

     “Ele vai continuar colaborando. Pode ter certeza de que o navio dele está indo para um bom caminho.” O aval, porém, é controlado. “Pode ter certeza de que eu converso com ele e nem sempre fico satisfeito. A experiência de governo só quem está sentado na cadeira é que tem.”

    Bolsonaro ironizou as especulações em torno da sua ausência nas redes por três dias. “Vocês dizem que eu fico demais nas redes, mas, quando eu saio, reclamam.” Entre os boatos, agora, está o de que Carlos escondeu do pai a senha de acesso ao Twitter, após um vídeo do escritor Olavo de Carvalho – publicado no sábado e repleto de críticas aos militares – ter sido removido do canal de Bolsonaro no YouTube.

    O início da artilharia mais pesada contra Mourão começou com esse vídeo. Desde então, o vereador posta um tuíte atrás do outro contra Mourão. A ofensiva obrigou Bolsonaro a se manifestar por meio do porta-voz e, anteontem, pessoalmente.

    Ao seu estilo, o presidente defendeu Mourão, ao mesmo tempo em que lhe deu suas famosas cotoveladas. Disse que o País se acostumou “com um vice-presidente poste” e que Mourão tem toda a liberdade para falar. “Ele está muito preparado para me substituir.” Diante da insistência dos jornalistas sobre o mal-estar com o general, o presidente voltou a jogar água na fervura. “O único insubstituível aqui é o Mourão. Não está no meu radar substituir ninguém. A não ser que algo grave aconteça”.

    O vice fugiu da polêmica. “Não é porque o cara é filho do presidente que ele tem que ficar de bico calado. Estou no jogo político e tenho que estar acostumado a isso. Algumas críticas (do Carlos) são justas e outras, nem tanto.”

    À vontade com o vice, o presidente disse não ter “sede de poder” e que pretende “fazer o melhor governo possível até 2022”. Bolsonaro não descartou a possibilidade de disputar a reeleição, naquele ano, caso a lei nesse sentido seja mantida. Não garantiu, no entanto, quem faria dobradinha com ele na chapa.

    Até lá, admitiu que Mourão é o único do seu governo que não pode demitir. “A gente continua dormindo junto. O problema é quem vai lavar a louça no final do dia”, brincou o presidente. “Ou cortar a grama”, emendou o vice.

    Os ataques de Olavo de Carvalho – chamado de “astrólogo” por Mourão – mereceram reparo de Bolsonaro, mas de leve. “É uma pessoa que há pelo menos 20 anos fala algo que é o mesmo que eu falo. Algumas declarações dele não estão colaborando com o governo”, lamentou.

    Quando o assunto crise dominou a entrevista, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, pediu a palavra.

     “Existe uma obsessão, para quem está fora do Planalto, de criar cisão entre nós. O Mourão foi meu cadete. Para eu brigar com ele, só se eu assediar a dona Paula”, disse, brincando com a mulher do vice, recém-casado. Para o ministro, esse tipo de assunto faz com que o País se apequene. “É muito espaço para coisas que não são importantes”, concluiu.(DoEstado)

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