
Pela presente, nós, jornalistas, radialistas, apresentadores e representantes da imprensa local e regional, esclarecemos nossa postura diante dos recentes acontecimentos e repudiamos a nota emitida pelo Prefeito Jô Silvestre no dia 17 de junho na qual acusa profissionais da categoria de forma genérica e difamatória. Na nota infeliz, o chefe do Executivo afirma que boa parte da imprensa é financiada por grupos políticos e que estariam espalhando fake news envolvendo sua gestão. Ele argumenta que é de conhecimento “público que determinados ‘jornalistas’, nos últimos 2 mandatos, eram financiados direta e indiretamente pela Prefeitura com contratos de prestação de serviços e até mesmo divulgação de campanhas regulares, quase todas sem observar a necessidade de licitações específicas para publicidade, conforme exige a lei”. Segundo Silvestre, mais de R$ 700.000,00 teriam sido gastos com publicidade e isso “explicaria” o “comportamento totalmente diferente do que apresentam desde o início de (sua) gestão”.
Lamentavelmente, o Prefeito acusa sem citar nomes com a clara intenção de desmoralizar e caluniar os veículos de comunicação e colocar-se como ‘vítima’ deles, usando supostos ataques como cunho eleitoral, tendo em vista as eleições municipais.
O prefeito mente quando diz que em sua gestão “os canais oficiais de informação foram aperfeiçoados” e que a Secretaria Municipal da Comunicação está sempre a disposição para colaborar com os profissionais. Profissionais da imprensa são bloqueados em páginas públicas do governo, não são atendidos pela pasta respectiva (que inclusive nem tem secretário) e desde o início da gestão, tem sido ameaçados de processos por publicarem denúncias, as quais não são respondidas pelo Executivo – mesmo que todos veículos procurem e cedam espaço para sua versão dos fatos. Mas ao contrário do que o Prefeito quer propagar, ele nunca desde o início de seu mandato deu uma coletiva sequer; apenas entrevistas em veículos que não abordam denúncias e nas quais seu discurso predomina sem questionamentos.
É um insulto aos princípios jornalísticos, a ‘apropriação’ que o Prefeito faz da ética para acusar profissionais classificando-os como mercantilistas da notícia. Essa prática intimidatória todos jornalistas que subscrevem esse documento já conhecem e não aceitam.
Claramente ele quer jogar a população contra a imprensa, colocando-se como vítima, mas não revela que todos os releases e notas enviadas pela Secom são divulgadas e que nenhum secretário tem autorização para dar entrevista.
Em relação as explicações sobre gastos, licitações, pinturas de postes, ele como agente público não faz mais do que sua obrigação – o que não seria necessário fazê-lo por rede social, caso atendesse a imprensa (como ele alega) e caso o Portal da Transparência realmente fosse mais transparente em seus registros. Não há absolutamente nenhum motivo para o Prefeito alegar que a imprensa quer induzir “a população a pensar que há irregularidades”.
Não subestimamos os leitores. Fazemos jornalismo por ideologia e pela verdade. Jornalismo é informação. Não é julgamento ou opinião. Fica a cargo dos(as) leitores(as) as conclusões.
Mas se realmente não houvesse denúncias e tudo fosse realmente transparente, como o governo alega, todos nós já estaríamos condenados por má fé e injúria. A acusação de envolvimento com fake news é grave e ele terá que provar, já que é isso que temos combatido mais que nunca.
Sem liberdade não há imprensa e é por ela que lutamos dia a dia, com ética, dignidade, profissionalismo, honrando nossos princípios pois são eles que norteiam o digno ofício da Imprensa.
Imprensa avareense