
Um oficial da PM do Distrito Federal apontou em depoimento para a Polícia Federal a cúpula do Exército do governo de Jair Bolsonaro (PL) como responsável por impedir a desocupação do acampamento golpista em frente ao quartel-general em Brasília.
Ex-chefe do setor de operações da PM, Jorge Naime narrou em sua oitiva que o DF esteve pronto em diversas ocasiões para retirar os manifestantes do local antes da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas as tentativas foram frustradas pelo comando do Exército.
Naime está preso desde terça-feira (7) por ordem de Alexandre de Moraes. Ele é investigado também pelo episódio do dia 8 de janeiro.
Os generais citados foram o então comandante do Exército, Marco Antonio Freire Gomes, e o chefe do Comando Militar do Planalto, Gustavo Henrique Dutra.
Na versão do PM apresentada à PF, ele descreveu aos investigadores uma reunião no Palácio do Planalto com a participação de policiais e militares em que foi apresentado o plano para retirada dos bolsonaristas do QG antes da posse.
Foi do QG do Exército que partiram os bolsonaristas que atacaram o prédio da PF em 12 de dezembro e, também, os envolvidos nas depredações contra as sedes dos três Poderes.
Parte das investigações em andamento vê a manutenção do acampamento como um dos pontos que facilitaram os ataques do dia 8.
Como mostrou a Folha, os órgãos de investigação civis avançaram até o momento sobre parte dos vândalos, mas nada até o momento respingou em integrantes das Forças Armadas.
Naime disse que, após a reunião no Planalto, a PM disponibilizou os meios necessários para a operação. "Mais de 500 policiais, tropa de choque e aeronave", disse.
"Que ficaram em condições para efetuar a operação de retirada do acampamento em frente à Igreja Rainha da Paz; que, posteriormente chegou a informação que o general Dutra, por ordem do comandante do Exército, havia suspendido a operação."
Naime disse à PF que essa foi "apenas uma das reuniões nas quais se tentou retirar o acampamento" e que "houve diversas outras reuniões com esse objetivo, mas o Exército frustrou todos os planejamentos e tentativas."(Da Folha de SP)