
Todas as escolas de Avaré ficaram sem comida por pelo menos um dia devido ao rompimento do contrato com empresa fornecedora de alimentação Sólida Nutrição Ltda. Os alunos chegaram no período da manhã para as aulas e os depósitos de todas as escolas da cidade tinham sido esvaziados. Vídeos mostram até os alimentos sendo levados pela empresa desfavorecida ao longo do dia letivo, enquanto os alunos com fome e os colaboradores indignados acompanhavam. O problema atingiu tanto as escolas estaduais como as municipais e creches e tem como principal responsável o processo de terceirização da merenda escolar.
Isso porque até o final do ano passado a alimentação das escolas era de responsabilidade das próprias unidades escolares, ou seja, garantida pelo poder público. Esse serviço foi terceirizado no início do ano letivo, sob a justificativa de cortar gastos públicos e garantir a melhoria da alimentação dos alunos. Nessa oportunidade, a empresa contratada foi a Sólida Nutrição LTDA, que passou a se responsabilizar pelo fornecimento e preparo de comida nas Escolas Estaduais, Municipais e Creches do município, atendendo milhares de alunos.
Outras mudanças também foram aplicadas, como a proibição dos professores de comerem nas escolas estaduais, o que gerou reclamações. O ponto é que, principalmente na rede estadual, a refeição era um momento de aproximação entre os servidores e os alunos, o que foi rompido. Além disso, a promessa feita no momento da terceirização não foi cumprida. O serviço não melhorou, alunos denunciavam problemas no cardápio e no preparo da comida, faltavam frutas e tantas outras coisas.
Fato é que a empresa deixou a desejar como foi denunciado pelo próprio prefeito, secretário e vereadores em vídeo que anunciava o rompimento do contrato com a Sólida. Na madrugada de quinta-feira, dia 14, a empresa promoveu a retirada de todos os “equipamentos utilizados na prestação de serviço”, incluindo produtos básicos de alimentação como arroz, feijão, macarrão, se justificando da própria determinação da Prefeitura. Logo na manhã surgiram as primeiras reclamações, mães e pais indo buscar os filhos, alunos sendo dispensados e até unidades escolares paralisando o serviço. Funcionários da empresa sem saber o que fazer ou responder e, enquanto Prefeitura e Empresa disputavam a narrativa nas redes sociais, a Educação na cidade parou.
No vácuo da debandada de uma empresa e chegada de outra, as escolas ficaram sem comida e quase sem respostas. Quem sofreu foram os alunos, parte deles inclusive em situação de vulnerabilidade e dependente da alimentação escolar. O processo de terceirização se mostrou frágil em proteger justamente quem é mais importante, inclusive mesmo no sentido de o Poder Público buscar garantir um melhor serviço. Agora quem assume é a empresa Konserv, já envolvida em uma polêmica e alvo de denúncias e questionamentos antes mesmo de iniciar seus trabalhos.
O resultado é que o serviço que era de qualidade (piorou e a empresa, não cumpriu o que foi contratado), sendo terceirizado e deixou alunos na mão. A empresa privada não se compromete a garantir os direitos básicos dos alunos, se aproveita da condição vulnerável do contrato e gera polêmica. A irresponsabilidade da empresa deixou a Prefeitura com uma mancha na imagem e com a responsabilidade de responder muita coisa. A terceirização que prometia ser uma economia para os cofres públicos acabou saindo cara demais. Espera-se, agora, que a empresa contratada cumpra com suas obrigações, os pais e alunos aagradecem.
*Por João Nicolau
Colunista