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    Não é hora de tirar máscara em ambiente fechado, diz Margareth Dalcolmo

    1272 Jornal A Bigorna 20/03/2022 17:00:00

    Um dos principais nomes da linha de frente da luta contra a pandemia da covid-19 no Brasil, a pneumologista Margareth Dalcolmo, da Fiocruz, disse que está muito preocupada com a decisão de muitas cidades, entre elas São Paulo e Rio de Janeiro, de suspenderem a obrigatoriedade do uso da máscara em ambientes fechados. “Acho que essas medidas foram precipitadas”, afirma, citando o recrudescimento da doença na China e na Coreia do Sul, e a chegada da nova variante Deltacron ao País. “Considero um erro.”

    Para Dalcolmo, é preciso esperar ainda algumas semanas para se ter uma avaliação mais acurada sobre os desdobramentos da epidemia na Ásia. Com a vacinação por aqui já avançada, nada indica a ocorrência de uma nova onda da doença, mesmo com a chegada da Deltacron. “Mas podemos ser surpreendidos”, alerta a especialista. De qualquer forma, defende, é preciso vacinar as pessoas que não receberam ainda a terceira dose e ampliar a vacinação infantil, ainda muito baixa.

    Ela criticou duramente a postura do governo brasileiro, que disseminou fake news, informações incorretas e demorou muito para começar o processo de vacinação. Para ela, os problemas contribuíram para o País ter um dos maiores números absolutos de morte pela doença - perdendo apenas para os EUA -, inclusive entre crianças e jovens. A boa surpresa, no entanto, foi a robusta resposta da comunidade científica brasileira. O Brasil foi um dos países que mais publicou estudos sobre a covid-19, a despeito de todas as dificuldades.

    “A retórica oficial foi muito nociva ao País, querendo emprenhar, digamos assim, conceitos como a defesa de medicamentos não eficazes, diante de uma população amedrontada, angustiada e empobrecida”, diz. “Por outro lado, hoje, somos o 11º País do mundo em número de publicações científicas sobre a covid-19. Isso é muita coisa.”

    Pandemia

    Autora do estudo definitivo sobre a ineficácia da cloroquina (anexado á documentação oficial da CPI), responsável pela testagem de outros dois remédios contra a covid-19 (que já se revelaram eficazes), conselheira de primeira hora do então ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, Margareth Dalcolmo afirma que esta, definitivamente, não será a última epidemia enfrentada pela geração atual, sobretudo diante do desequilíbrio ecológico e das mudanças climáticas do planeta.

    “Se você me perguntar do que eu tenho medo, como eu acho que a vida no planeta vai acabar, eu não citaria uma bomba atômica ou um meteorito. Eu diria que tende a acabar com epidemias, sobretudo agora como o homem favorecendo ecologicamente o surgimento de novas doenças”, sentencia.(Do Estado)

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