O homem do imediato e o Facebook

Por Assis Chateaubriand - Numa sociedade que já se apresenta tentando iluminar as lutas de classes, chego a triste conclusão que ninguém lutará pelas coisas, a não ser, pelas somente suas.

Costumo dizer que a sociedade é cíclica, embora os intelectuais discordem e conceituem que tudo não volta a outro estado. A história é algo que nunca termina. Sempre haverá outras perspectivas, outras descobertas, outros pontos de vista que chamarão a atenção para determinado ponto que, talvez ainda não tenha sido discutido ou explorado.

Atualmente a Sociedade é altamente imediatista. Tudo tem que ser feito na hora. As relações mudaram, a amizade chama se Facebook e watssapp e a conjuntura social se chama eu sou o que tenho, vivo bem e pouco me importa os outros.

O homem do imediato tem amizades líquidas com vidas corridas que somente quando envelhecerem, talvez irão perceber o valor da vida, a qual escorre pelos nossos anos sem ao menos percebermos.

O Livro “O Mundo que não pensa”, dos escritores Franklin Foer e Jaron Lanier é a narrativa de como o ser-humano delegou todos os poderes às redes sociais.

Diz o Foer: “O problema é que quando terceirizamos o raciocínio para as máquinas, na verdade estamos terceirizando o raciocínio para as organizações que operam as máquinas”.

O  co-escritor Lanier relata um grave experimento que mexe com a vida das pessoas que se deixam inteirar por tudo que há nas redes sociais, acreditando piamente nelas.

“Em experimentos psicológicos conduzidos pelo Facebook à revelia de seus usuários, em que a rede comprovou que poderia influenciar o comparecimento das pessoas às urnas ou provocar alegria ou tristeza com pequenas alterações em seus feeds” – destaca o escritor.

O Facebook sabe o que você gosta de ver, por isso muitos compartilhamentos são direcionados a você, e também sabe o que você não gosta, deste modo, você não vê tais compartilhamentos. Por isso que muitas vezes o usuário da rede social, não vê certos compartilhamentos até dos próprios amigos. A Rede engana e manipula seus usuários a seu bel prazer.

O livro “O Mundo que não pensa” é uma leitura para àqueles que querem se situar e entender o que acontece ao seu redor.

Deixar-se se manipular, hoje, é algo aterrador, mas para quem quer estar no controle e, no topo da pirâmide do poder, simplesmente é uma forma de continuar deixando as pessoas ainda mais alienadas sobre tudo.

Chatô é escritor.