
QUANDO HAVIA SÓTÃO
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José Carlos Santos Peres
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Cuidava de astros pela métrica bêbada
de um vidraceiro cego.
Estendido sobre manta cheirando ausências
pirateava brincos de estrelas do tapete suspenso.
Havia um gato aquietando passos,
tateando o silêncio noturno;
e ambos: navegante e animal abraçados
tocavam o lençol azul do céu...
Tudo desfalecia melancolicamente
na quina estilhaçada da vidraça.
No mais alto, nuvens dançavam Strauss
numa arquitetura com ossos transparentes
construindo voláteis catedrais.