• “Nossa velha Estação Ferroviária” - Chatô

    2817 Jornal A Bigorna 02/12/2019 09:50:00

    Estava lendo a coluna ‘sobre trilhos’ de Marcelo Toledo na Folha de São Paulo e me deparei com uma situação semelhante a que vivi e vejo hoje em Avaré. O jovem escritor descreve o abandono de uma estação, não muito longe daqui de nossa Avaré.

    Toledo me despertou lembranças de quando era criança e viajava deliciosamente pelos trilhos de nossos vagões de passageiros, mas, que, hoje, estão mascarados e despertam a sensação de descaso do poder público e joga no esquecimento um transporte tão valioso como o de trem.

    Diz ele: “Em Conchas, estação esquecida pelo tempo simboliza abandono ferroviário. Algumas estações antigas foram tombadas por órgãos de preservação do patrimônio, seja pelos seus estilos arquitetônicos ou por sua importância cultural e econômica no período em que foi construída.

    É o caso, por exemplo, do conjunto da estação ferroviária de Piraju (a 334 km de São Paulo), que pertenceu à Estrada de Ferro Sorocabana, foi inaugurado em 1908 e projetada por Ramos de Azevedo.

    Ambos são tombados pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo).

    Não é o caso da estação ferroviária de Juquiratiba, em Conchas (a 180 km de São Paulo), que é mais recente e não tem apelo histórico ou arquitetônico.

    Embora inaugurada ainda em 1888, a construção do prédio atual data de 1952 e não apresenta características marcantes em outras estações, como sua imponência. Ao contrário.

    O imóvel que atendeu a Estrada de Ferro Sorocabana recebeu ampliações depois de construído que não seguiam o modelo de construção adotado, o que o deixou com características clássicas de puxadinhos.

    Em péssimo estado e ainda com trilhos, a estação era usada como moradia por quatro famílias e estava tomada por mato no entorno, tinha vagões e ferros retorcidos abandonados e era marcada por forte cheiro de lixo.

    Na avaliação do pesquisador ferroviário Ralph Mennucci Giesbrecht, um agravante em São Paulo é que os órgãos que deveriam cuidar não quiseram fazer isso no estado. “Em Minas Gerais, há várias [estações] recuperadas pelo Iphan [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional], mas aqui não, e estações que fecharam mais recentemente, nos anos 90, como a de Conchas, acabaram ficando num limbo”, disse.

    Aqui nos trilhos de nossa velha e abandonada estação ferroviária – a linda estrutura se desmancha aos poucos - e como salienta Toledo, aqui também, os trilhos ainda estão (poucos, mas estão) -  mas o único movimento de vida que se vê neles são dos cachorros e gatos que vivem no entorno e o claro abandono de um lugar que poderia ser transformado em local turístico.

    Uma pena.

    Chatô é escritor

     

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