Robson havia prometido participar do aniversário de 9 anos da filha Larissa, e estava atrasado. Na verdade, estava muito atrasado. E não queria perder o assoprar das velinhas novamente.
Por ser Policial, ano passado ele já havia se ausentado em razão de um plantão, mas desta vez as coisas haviam se encaixado e ele saíra do trabalho a tempo de participar, se fosse rápido.
Enquanto trocava mensagens de WhatsApp com sua mulher Simone, perdeu o controle do carro e se chocou contra uma árvore a 120 Km/h.
Muito embora não acreditasse em espíritos e nem em nada dessas coisas todas, Robson - até então um exemplar cabo da Polícia Militar - se viu estirado no chão, muitos metros adiante de onde seu Onix prateado jazia, agora transformado em um amontoado de destroços.
Passados alguns instantes percebeu que não estava sozinho, pois um homem acompanhava tudo de longe, mas com muita curiosidade.
Ao aproximar-se, Robson perguntou ao homem, sem nem saber seu nome ou o que ele fazia ali, quase impassível:
Robson olhou seu corpo novamente e começou a chorar convulsivamente. Pensar que jamais participaria de outro aniversário de sua filha piorava ainda mais as coisas.
Entre uma lágrima e outra, conseguiu perguntar ao estranho, que ainda continuava ali, imóvel:
Antes mesmo que Robson pudesse protestar contra aquela resposta cruel, o homem misterioso sumiu como se num passe de mágica, deixando para trás apenas imperar a escuridão total sem estrelas daquela noite fria de julho.
*Por José Renato Fusco. É Advogado, Jornalista e Escritor.