A defesa do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, defendeu no julgamento da trama golpista nesta terça-feira a validade do acordo de delação premiada e negou que tenha havido coação da Polícia Federal e do ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF).
Os advogados do tenente-coronel abrem a fase das sustentações orais. Eles têm até uma hora para defender seu cliente na sessão que analisa a ação penal contra o ex-mandatário e outros sete aliados por tentativa de golpe.
— Eu posso não concordar com o relatório, com o indiciamento do delegado e, de fato, não concordo. Agora, nem por isso eu posso dizer que ele coagiu o meu cliente ou que ele cometeu uma ilegalidade. Não posso dizer que ele e o ministro Alexandre de Moraes me coagiram, porque não seria verdade — afirmou o advogado Jair Alves Pereira.
As defesas do ex-presidente Jair Bolsonaro e do general Braga Netto contestam a delação de Cid justamente indicando, dentre outros pontos, coação.
A defesa de Bolsonaro afirmou que "suas declarações, desde o princípio, não resultam de ato voluntário e nem estiveram pautadas na verdade". Já os advogados de Braga Netto afirmaram que a delação contém uma série de "vícios", como a falta de "voluntariedade do delator" e a "coação" por parte da Polícia Federal.
A defesa de Cid afirmou ainda que ele não tinha conhecimento do Plano Punhal Verde e Amarelo, que, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), previa o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice Geraldo Alckmin e de Moraes em 2022, após a derrota de Bolsonaro na eleição.
— O que há efetivamente nos autos? Que Mauro Cid jamais elaborou, compartilhou ou incitou qualquer conteúdo golpista que não há sequer nenhuma mensagem de sua autoria. O que há é o recebimento passivo de mensagens no seu WhatsApp — afirmou o advogado Cezar Bittencourt, que também integra a defesa.
O tenente-coronel Mauro Cid pediu baixa do Exército por falta de condições psicológicas para seguir na carreira militar. Ao abrir a fase das sustentações orais no julgamento da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira, a defesa do militar disse que, diante desse contexto, seria injusto que o Estado não concedesse os benefícios devidos a Cid, que há dois anos cumpre medidas cautelares de prisão e permanece afastado de suas funções.
Baixa no Exército
Para a defesa, a trajetória do militar — que já não teria condições emocionais de continuar no serviço ativo — reforça a necessidade de reconhecimento de seus direitos. “Se ela dá sustentação e dinâmica dos fatos, por que ele não teria os benefícios que ajustou? Não seria justo que o Estado, agora, depois de ele estar com cautelar de prisão por mais de dois anos, afastado de suas funções e, inclusive, ter pedido baixa do Exército, não reconheça que ele não tem mais condições psicológicas para continuar como militar”, afirmou o advogado Jair Alves Pereira.(Do Globo)