Quem me conhece pessoalmente sabe que sou gordo. Isso não me afeta sob o ponto de vista da autoestima. Eu poderia dizer que isso se deve ao fato de eu ser cadeirante. Mas tal afirmação só responde a parte da coisa toda. O motivo principal disso é que eu realmente gosto de comer boa comida.
E, por “boa comida”, entenda “comida bem-feita”, e não necessariamente “comida cara”. Sou capaz de comer, com a mesma alegria, miojo e um copo de Coca-Cola ou uma lagosta com uma taça de Champagne.
Quem curte comer, cozinhar e aprender sobre comida, valoriza o Guia Michelin, por sua excelência.
Mas você conhece a história dessa lenda da culinária mundial? É disso que nós vamos falar hoje!
A história é surpreendente e já começa com uma curiosidade: Ele não nasceu de uma paixão pela culinária, mas sim de uma estratégia astuta para vender pneus. Isso mesmo!
Nos idos de 1889, na cidade francesa de Clermont-Ferrand, os irmãos André e Édouard Michelin fundaram a empresa de pneus que leva seu nome.
Naquela época, os automóveis eram uma novidade rara – estima-se que havia apenas cerca de 3 mil carros na França. Para estimular o mercado e, consequentemente, o consumo de pneus, André Michelin teve a ideia genial de criar um guia de viagens gratuito.
O "Guia Vermelho", como ficou conhecido, oferecia mapas, locais para reparos mecânicos, postos de gasolina e recomendações de hotéis e restaurantes. Era, essencialmente, um incentivo para que as pessoas dirigissem mais, explorassem o país e gastassem seus pneus no processo.
O Guia evoluiu rapidamente. Inicialmente distribuído de graça para motoristas, ele começou a cobrar uma taxa em 1920, sinalizando sua transição de propaganda para uma publicação autônoma. Um marco crucial veio em 1926 (ou 1929, dependendo da fonte), com a introdução do sistema de estrelas para classificar restaurantes: Uma estrela para "cozinha excelente", duas para "excepcional" e três para "excelência suprema". Essa classificação, mantida em sigilo pelos inspetores anônimos da Michelin, elevou o Guia a um status de autoridade gastronômica.
Expansões internacionais seguiram: A primeira edição portuguesa surgiu em 1910, com estrelas a partir de 1929; o guia chegou a cidades como Paris, Londres e, em 2008, Tóquio, onde oito restaurantes receberam três estrelas logo na estreia.
Ao longo dos anos, o Guia Michelin incorporou novas distinções para se adaptar aos tempos. Em 1997, surgiu o Bib Gourmand, premiando restaurantes com boa relação qualidade-preço, e em 2020, a Estrela Verde, focada em sustentabilidade gastronômica.
Hoje, o Guia abrange mais de 45 mil estabelecimentos em dezenas de países, incluindo edições para Alemanha, Espanha, Estados Unidos e até o Brasil, com foco em São Paulo e Rio de Janeiro. Em Portugal, por exemplo, 2024 marcou um recorde com 39 restaurantes estrelados, incluindo oito com duas estrelas e cinco com Estrelas Verdes.
Esses números impressionam, mas penso que o verdadeiro legado do Guia está em como ele moldou a profissão de chef: De artesãos locais a celebridades globais, impulsionando turismo e economias.
Olhando para o futuro, o Guia Michelin continua relevante em uma era digital, competindo com apps como TripAdvisor e Yelp. Isso porque sua trajetória é uma lição de como uma ideia simples pode revolucionar o Mundo. De um panfleto para motoristas a um árbitro global da alta cozinha, ele prova que inovação e comércio andam de mãos dadas.
E você, já comeu em algum restaurante que ostenta alguma das estrelas do Guia Michelin?
Se estiver a fim de aproveitar as férias para curtir a boa gastronomia, acesse o site: https://guide.michelin.com/br/pt_BR
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