• À espera de Bolsonaro, Patriota é rachado entre conservadores, centristas e ex-esquerdistas

    797 Jornal A Bigorna 06/06/2021 20:00:00

    Um partido “moralmente conservador, economicamente defensor do livre mercado e confessionalmente cristão”. Que protege a vida desde sua concepção, considera a família célula fundamental da sociedade e rejeita o “credo socialista, que traz miséria para toda a sociedade”.

    Assim é o Patriota, legenda que deve receber em breve o presidente Jair Bolsonaro, ao menos pelo que se pode ler em sua carta de princípios. “Brasil acima de tudo”, diz o slogan da legenda, repetindo parte do grito de guerra dos bolsonaristas.

    Na prática, essa plataforma impecavelmente conservadora não tem respaldo de um amplo setor do partido, e a crise de identidade contribui para o racha que a legenda vive no momento, com direito a disputa judicial.

    O partido está em conflito entre seu presidente nacional, Adilson Barroso, e o vice, Ovasco Resende, que o acusa de manobrar internamente para permitir a filiação do senador Flávio Bolsonaro (RJ), na última segunda-feira (31).

    A ala ligada a Resende diz que Barroso ignorou o estatuto partidário para aparelhar a convenção nacional com aliados. E vê com desconfiança o alinhamento total do Patriota ao bolsonarismo, por enxergar a sigla como sendo de centro.

    O partido surgiu da junção do antigo PEN (Partido Ecológico Nacional), comandado por Barroso, com o PRP (Partido Republicano Progressista), de Resende. Na prática, as duas partes nem sempre tiveram relação harmoniosa, e as diferentes visões afloraram agora.

    Em artigo publicado na revista do partido em abril de 2020, Resende criticou o fato de bolsonaristas e petistas buscarem criar um clima de extremismo no Brasil.

    “Bolsonaristas de um lado e petistas do outro, em torno de mitos artificiais que disputam o poder com uma fome de leão, enquanto a grande maioria do povo brasileiro trabalha, sobrevive e sonha com dias melhores que são prometidos, mas que nunca chegam”, escreveu o vice-presidente da legenda.

    À Folha ele afirmou que "estatutariamente o Patriota é um partido de centro".

    Secretário-geral do partido e aliado de Resende, Jorcelino Braga diz que o Patriota é um partido de centro, não conservador.(Do Estado de SP)

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