• Aglomerações se multiplicam pelo país em meio a variante delta

    847 Jornal A Bigorna 19/07/2021 21:00:00

    Índices melhores da pandemia de Covid-19 e o consequente afrouxamento de regras de circulação nas últimas semanas têm provocado um aumento de aglomerações de pessoas, acendendo um alerta diante do aumento de casos registrados da variante delta do coronavírus pelo país.

    A variante, mais transmissível, tem potencial para causar grandes estragos. Isso fica claro ao se observar a situação em outros países que estão avançados na vacinação em comparação ao Brasil.

    “Espera-se que a deterioração da situação epidemiológica continue em vários países europeus, considerando o rápido crescimento da variante delta”, aponta o relatório semanal do ECDC (Centro Europeu para o Controle e a Prevenção de Doenças, na sigla em inglês). Segundo o documento, o avanço no número de casos tem ocorrido em grupos etários mais novos, como jovens entre 15 e 24 anos.

    De acordo com o ECDC, os países com tendências de alta nas taxas médias de casos (sempre ajustadas ao tamanho da população) mais críticas são Portugal, Espanha, Holanda e o Chipre, o pior entre eles. Nessas nações, pelo menos até o momento, não há tendências de aumento na taxa de mortes, porém.

    Em Israel, a situação também preocupa. Com mais de 60% da população totalmente vacinada, o país viu as infecções crescerem de poucos casos para algumas centenas e precisou reintroduzir medidas de proteção.

    Os casos europeu e israelense servem de alerta para as discussões e ações no Brasil. “Aqui muito provavelmente não vai ser diferente, agora que já temos transmissão comunitária [apontada em São Paulo, além de casos no Rio de Janeiro e em outros estados]”, afirma Ethel Maciel, epidemiologista e professora da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo). “É um momento muito delicado e precisamos agir com muita cautela.”

    No Brasil, até agora, somente pouco mais de 20% da população com mais de 18 anos está totalmente imunizada.

    O médico José Rocha Faria Neto, pesquisador do Centro de Epidemiologia e Pesquisa Clínica (Epicenter) da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), avalia que, com os indicadores da pandemia em baixa, a reabertura é possível e necessária, mas é preciso colocar na balança os casos cada vez mais frequentes da variante delta em todos os estados.

    “É só olhar o que está acontecendo no Reino Unido hoje, que tem uma cobertura vacinal maior do que a nossa e está tendo um aumento exponencial dos novos casos, com o crescimento da variante delta”, afirmou.

    O Reino Unido vai retirar todas as restrições à circulação, comércio e serviços relacionadas à pandemia nesta segunda (19), apesar do aumento de infecções.

     

    Richard Horton, editor-chefe da revista científica Lancet, criticou recentemente o plano, dizendo que "nós sabemos o que vai acontecer. Sabemos que haverá um aumento de casos. Sabemos que está havendo um aumento de hospitalizações. Sabemos que haverá uma epidemia de Covid longa. E sabemos que estamos criando as condições para que surjam novas variantes. Temos um governo movido pela ideologia que está se comprometendo a forçar a população a aceitar um nível mais alto de mortes e de sequelas, para que possamos sair da situação em que estamos".

    Faria Neto ressalta que, apesar do aumento nos casos não se refletir necessariamente em um crescimento das mortes por Covid-19 em outros países, isso pode não ocorrer no Brasil. “Lá, eles estavam já num patamar muito baixo de casos e mortes [na reabertura]. Nós ainda estamos num patamar alto, então não precisa de muito para sobrecarregar o sistema de saúde outra vez.”

    A maior circulação de pessoas já está levando os hospitais a ampliarem o atendimento de outras causas que não a Covid-19, como acidentes de trânsito. Em Santa Catarina, entre sábado (10) e domingo (11) foram registrados cem acidentes nas rodovias que cortam o estado e seis mortes.(Do Estado)

     

     

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