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    1171 Jornal A Bigorna 29/02/2024 18:40:00

    Região

    Um estudante aprovado em Medicina na Universidade de São Paulo (USP) teve a sua matrícula negada após a comissão de heteroidentificação da instituição de ensino não aceitar a autodeclaração racial do jovem que se identificou como pardo. O documento é solicitado para candidatos que se autodeclaram negros, de cor preta ou parda, ou indígenas. Enquanto participava da recepção com os calouros no dia 26 de fevereiro, ele recebeu um email sobre a negativa.

    Alisson dos Santos Rodrigues, de 18 anos, participou do Provão Paulista, novo vestibular unificado das instituições públicas de ensino superior de São Paulo criado no ano passado. Foi aprovado na USP dentro das vagas PPI (para pretos, pardos e indígenas). Após a convocação na primeira chamada, precisou encaminhar documentos para comprovar que se enquadrava na política de cotas, entre eles a autodeclaração de raça.

    ‘Sempre me considerei pardo’

    “Eu fiquei muito feliz quando soube que fui aprovado na primeira chamada da USP, por meio do Provão Paulista. Chorei bastante e minha família ficou emocionada. Espero que tudo seja resolvido e dê certo. Eu realmente sou quem eu falo ser. Sempre me considerei pardo”, afirma o estudante.

    Estudante recebeu mensagem convidando para recepção com calouros

    “Após o carnaval, no dia 23 de fevereiro, o meu sobrinho recebeu um email parabenizando pela aprovação e com descrição do que ele precisaria fazer para efetivar a matrícula, assim como orientações necessárias para serem seguidas no decorrer do curso. Também vieram informações sobre a recepção dos calouros que foi realizada no dia 26 de fevereiro a partir das 8 horas da manhã”, acrescentou Laise.

    Como o jovem mora em Cerqueira César, município do interior de São Paulo, que fica cerca de 350 km da capital paulista, precisou de ajuda para conseguir vir para o encontro na USP.

    No dia 27 de fevereiro, a tia e o sobrinho foram até a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Cerqueira César. No dia seguinte, no dia 28, a advogada Giulliane Jovitta Basseto Fittipald, nomeada pelo convênio mantido entre a Defensoria Pública do Estado de São Paulo com a Seccional de Cerqueira César da OAB/SP para representá-lo judicialmente, já entrou em contato com a família para dar andamento ao caso.

    “Ele é o primeiro da família a passar em uma universidade pública. Foi o primeiro do colégio a passar em Medicina. Esperamos que a situação dele seja reconhecida e esclarecida. Ele é pardo e tem os critérios para isso. É o sonho dele. Que as pessoas sejam reconhecidas como realmente são com relação a sua raça”, disse a tia bastante emocionada.

    O que diz a USP

    Questionada, a USP alega que a deliberação final do processo se deu no dia 23 de fevereiro, e foi enviada no dia subsequente. “Importante frisar que todos os candidatos que estavam com recursos sendo analisados sabiam que a matrícula estava condicionada ao resultado das bancas de heteroidentificação. O que o estudante tinha era uma pré-matrícula condicionada ao resultado do processo de heteroidentificação”, afirmou a instituição de ensino.

    Criado em 2022, o processo tem como objetivo prevenir fraudes na política de cotas étnico-raciais. Ao justificar a não aprovação da matrícula do estudante, a USP também pontuou como funciona o sistema.(Do Estado de SP)

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