Sim, sei que chamei sua atenção, então vamos falar de SEXO.
Dias atrás terminei um livro que relatava sobre a Rússia na segunda guerra mundial. Bom, não foram as mortes ou as torturas que me espantaram, isso é meio que corriqueiro na trajetória do homem - fazemos muita besteira pelo poder. Enfim, o que chamou realmente minha atenção, foi uma estratégia muito simples utilizada nas tropas para que ficassem mais agressivas, violentas, impiedosas e com maior poder de destruição.
O esquema era o seguinte: deixavam os soldados 20, 30, 60 dias sem fazerem SEXO e os resultados eram "ótimos". Quando os caras não aguentavam mais, já estavam subindo pelas paredes, soltavam. Eles iam com tudo - tipo faca na caveira, sabe? Descontavam toda a sua ansiedade e tensão contra os inimigos. Expurgavam a loucura acumulada com sangue. Ainda hoje alguns treinadores de MMA e UFC utilizam do método, porque é eficaz.
Veja! A energia sexual, libido, vontade de potência ou qualquer nome que queira dar, só tem dois caminhos para percorrer: ou cria ou destrói. Podemos criar no sentido literal: compor uma música, escrever um poema, fazer filhos etc. Ou podemos destruir - que foi o caso da guerra citada. Hitler deveria ser um homem reprimido pra caralho, com certeza não transava. Logo, essa potencialidade foi para o polo oposto, o da destruição.
Quanto mais retraímos nossas pulsões, mais merda dá. Aqui no Ocidente a história inteira da humanidade é de repressão, principalmente por parte das religiões ortodoxas. O sexo em um contexto geral sempre foi visto como algo sujo, profano, no MÁXIMO para fins reprodutivos. Idealizaram uma imagem celestial e pura sobre nós. Puta de uma mentira! Antes de sermos "santos", "espiritualistas" e blá blá blá blá blá... Somos animais, pô. Fazemos parte do mesmo reino que um cachorro ou uma cabra. O problema é que NÃO aceitamos essa condição - aí criamos um ideal subvertido, uma imagem distorcida a nosso respeito. Escondemos esse lado por vergonha, pela moral ou tradição e sabe qual é a consequência disso? Perversidade! O homem contemporâneo é um pervertido, doente. Os sites pornográficos são os mais acessados no mundo, é factual. Apenas escondidos vemos putaria, temos vergonha.
A verdade, é que se não houvesse a repressão, se fôssemos naturais, não haveria a perversidade como existe hoje. Parece contraditório, mas não é. A espécie Homo sapiens se tornou doentia sexualmente devido a moral, aos valores construídos. Um gato (a) não tem perversão e é um animal, tanto quanto nós. Por que? Óbvio, ninguém reprime um gato, por isso ele não adoece nesse aspecto. Os únicos animais com problemas psicológicos (fora nós), são os do zoológico, os enjaulados, os que reprimirão sua natureza, livre. Nunca vi um caso de estupro nas aldeias indígenas. Lá não desenvolve a obsessão sexual, a luxúria, os “selvagens” já vivem pelados, não tem aquela fascinação para descobrir o que há debaixo da roupa.
A mente humana gira em torno do sexo quase 24h por dia. Uma cadela fica envolvida com a atmosfera do coito 2 ou 3 vezes no ano, apenas em períodos de cio. E nós? Quantas vezes pensamos sobre sexo durante a semana, no decorrer do dia? Várias! O nosso desejo está muito mais relacionado com a mente (por causa da repressão) do que com a própria necessidade do corpo, biológica. Ficamos criando situações na cabeça, imaginando um punhado de coisas, parceiros (as) e fetiches. Garanto que minha cachorra, a Mel, não perde tempo devaneando em depravações.
Caímos em um círculo vicioso: quanto mais a sociedade reprime, mais a perversidade aumenta. Repare no seu comportamento quando está um tempo sem transar, você fica estressado, tenso, a paciência fica curtíssima. A vizinha (os homens também estão inclusos) mal-amada ou “mal-transada" kkk, vive falando da vida dos outros, com raiva. Não estou inventando. Observe! A energia se torna pesada e destrutiva. O irônico, é que as mesmas pessoas que vomitam valores morais, regras, o que é certo ou errado, são as “coitadas” que não transam, as recalcadas. Impressionante, repare bem. É um mecanismo primário: já que não consigo satisfazer minhas vontades, meus desejos, que não consigo transar ou até transo, mas as minhas relações são monótonas... Vou ferrar com a vida das pessoas que fazem o que NÃO faço ou que eu gostaria de fazer. Assim surgiu o pecado e a moral. Claro que é um processo inconsciente - quem faz não sabe que está fazendo por esse motivo - estão cegos pela inveja.
O modelo social está articulado para crescermos psicologicamente loucos. A tradição (religiosa e política) aponta o dedo na cara do sujeito devido as suas inclinações (o que é natural da espécie), então ele as reprime por achar que é feio, por medo do julgamento das pessoas ou por medo do inferno e depois acaba buscando uma salvação com os MESMOS que lhe apontaram o dedo no começo. Uma armadilha. Dizem que estamos doentes para em seguida oferecerem o remédio.
Não é porque você reprimiu algo que significa o seu desaparecimento. Essa energia manifestará de um modo ou de outro. Seria bacana e criativo se direcionássemos ela para pintar um quadro ou sei lá. No entanto, não funciona assim. Geralmente explodimos a nossa ânsia em alguém ou descontamos no trabalho - trabalhando feito neurótico em busca de grana e sucesso. De repente direcionamos para o consumo do álcool, das drogas, existem diversos modos paliativos, mas são antinaturais, nocivos.
NÃO estou dizendo para transar com meio mundo, contudo, se quiser, qual é o problema? Desde que seja consentido reciprocamente, “fodam-se” no sentido literal kkkk. Não entra na minha cabeça essa divisão que inventaram entre o profano e o divino. Observe uma árvore, o tamanho da raiz afincada no chão tem que crescer proporcionalmente a sua altura, do contrário, tombará. Quanto maior é a sua profundidade na terra, no mundano, no profano, maior serão as condições para os galhos subirem, tocarem o céu, compreende?
Estamos tentando viver como árvores sem raízes e não deu certo, tombamos no meio do caminho. A moral cortou nossa raiz! Eu não vejo nenhum problema da pessoa dançar funk até o chão, ter mil parceiros e depois orar, interagir com o divino, demonstrar sua fé. Fomos ensinados a ter preconceito. A descriminação é um indicativo de dor de cotovelo - iguais aos “machões” que julgam os homossexuais e no fundo estão loucos para “saírem do armário”. É super comum. O estereótipo do fortão, aquele que humilha a orientação sexual alheia é falsa, só está defendendo sua posição para não ser descoberto. Ele não teve coragem de assumir seus desejos e encontrou no ataque uma forma de defesa.
O sexo não é um fim em si mesmo, é uma forma de amor primário, mas sem aceitar o primeiro degrau da escada não passamos para o próximo. Carecemos esgotar de maneira saudável a loucura que nos venderam. É bem mais fácil um indivíduo mundano, que teve inúmeras experiências se render a espiritualidade de corpo e alma, do que um moralista. O mundano já gozou pra caramba, se frustrou até dizer chega - teve que passar por um monte de vivências para transcendê-las. É como o cara que comprou muitas coisas e percebeu que tem coisas que não tem preço: um abraço sincero, uma tarde em família, um te amo etc. Agora, o todo certinho não - esse ainda está enrustido pelos valores. Prefere engolir sua agonia em troca de palmas e respeito, do que aceitar a sua condição enquanto humano.
Por Ismael Tavernaro