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    As revelações de Eduardo Cunha sobre os bastidores do impeachment de Dilma

    1915 Jornal A Bigorna 02/04/2021 03:50:00

    Há cerca de um ano, o ex-pre­sidente da Câmara Eduardo Cunha saía da penitenciária Bangu 8 para sua casa na Barra da Tijuca, benefician­do-se do direito à prisão domiciliar.

    De volta ao lar, mesmo assolado por alguns problemas de saúde, Cunha se dedicou obsessivamente a uma tarefa que iniciou ainda na cadeia: passar a limpo um dos capítulos mais importantes da história recente da política brasileira.

    Esse relato materializou-se nas 797 páginas de Tchau, Querida — O Diário do Impeachment, que será lançado pela editora Matrix no dia 17 de abril, de forma a coincidir com o aniversário de cinco anos da sessão da Câmara que expulsou Dilma do Palácio do Planalto.

    Rico em detalhes e bile, o relato de Cunha lança suspeitas sobre integrantes do Judiciário e, obviamente, expõe episódios nada edificantes de alguns dos principais nomes da política e do empresariado.

    O ex-presidente da Câmara detalha, por exemplo, a reunião secreta em que Lula confessou o arrependimento por ter patrocinado a reeleição de sua pupila e prometeu a Cunha tentar interferir no STF para ajudá-lo.

     Traz ainda à baila uma lista de outras propostas indecorosas que, segundo ele, foram feitas por ministros de Estado e pela própria inquilina do Palácio do Planalto à época, na tentativa de barrar o impeachment, assim como por deputados que pediram alguns milhões de reais para salvar-lhe o mandato no Conselho de Ética, o que não aconteceu.

    Para o autor, além da vingança pela falta de apoio em sua eleição à presidência da Câmara, foi um ato de preservação. Na sua visão, o avanço da Lava-Jato contra ele era um complô liderado por Dilma. “Todo mundo iria atirar. Todo mundo iria morrer”, escreve o político, que dedica especial atenção a alguns atores — normalmente os que mais odeia — como o ex-juiz Sergio Moro, Janot, Cardozo e outro ex-ministro, Jaques Wagner (Casa Civil). Sobre Moro, diz o seguinte: “Ele era o seu próprio líder. Para ele, bastava ele. Moro era e será candidato a presidente”.

    Determinado a vencer a guerra contra Dilma, o ex-deputado confessa ter usado toda sorte de golpes de seu arsenal. Admite, por exemplo, que indicou um advogado de sua extrema confiança para dar uma uma consultoria de cartas marcadas ao relator do impeachment, o deputado Jovair Arantes.

    Com isso, garantia que o parecer teria consistência técnica e seria favorável ao afastamento.

     “Temer não só desejava o impeachment como lutou por ele de todas as maneiras — ao contrário do que ele quer ver divulgado sobre o assunto”, escreve.

     Temer avalizava praticamente tudo, garante, na busca por votos pela deposição de Dilma. 

    De acordo com Cunha, durante a conversa, Lula deu a medida do que pensava sobre sua sucessora: “Então, o ex-presidente fez um desabafo surpreendente. Contendo o choro, Lula disse que o maior erro que ele havia cometido na vida foi ter permitido que Dilma se candidatasse à reeleição”.

    Como se vê, as memórias de Cunha jogam luzes sobre um momento histórico importante — fatos que até hoje fazem eco nos lances atuais da política nacional. Em tempo: ele já começou a rascunhar as linhas do próximo livro. (Da Veja)

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

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