
CIDADE VAZIA (*)
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Santos Peres
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Recolher alaranjados dos casarios,
pescar azaleias da pele do asfalto
ao bailar sonâmbulo das madrugadas
com seus vazios e sortilégios;
tomar das sombras das sacadas debruçadas
lições de tato: delicadeza de silêncios
açucenas e fugas.
Desgovernar os passos sobre pedras-ferro
pacientando esquinas perdidas de suas caças
e esperanças;
quedar-se ao átrio
às nervuras do lenho ao alto
para crucificar-se:
Louvado Seja!
E se deixar
à balada noturna dos esquecidos
xxx
(*) uma Avaré que não mais existe, sem seus casarios centrais, azaleias pelas calçadas, sacadas debruçadas, pedras-ferro e notívagos escrevendo poesias pelos desvãos da cidade)