
Por Assis Chateaubriand – Juro que assisti a tudo o que pude sobre a paralização dos caminhoneiros em nosso inefável país de Alice. Esperei muito para escrever e, por fim, perdoem este escrevinhador, tive que escrevinhar para tentar pôr alguns ‘Pingos Nos Ís’.
Não sou dono da razão, muito menos escrevo para que concordem ou discordem, mas fatos lamentáveis me levaram a colocar a ‘pena’ para escrevinhar, como diz um dos maiores escritores do mundo – Mario Vargas Llohsa: Escrevinhar.
Li quando este jornal publicou uma matéria em que a Santa Casa corria perigo de parar, e, assim, por causa da matéria muita gente atacou o jornal. Lógico e claro, já que não escreveriam tantas ‘onomatopeias’ se tivessem um familiar hospitalizado. O pior e mais melodramático foram os leitores que confundiram a Santa Casa com o Pronto-Socorro. Cômico e lúdico se não fosse à falta de saber ler e entender um texto – saber separar o A do B – mas infelizmente o que se nota eram parcos leitores ‘desnutridos de conteúdo e incapazes de entender o que leem’.
No geral, o brasileiro apoiou o movimento (87%, segundo o Datafolha), mas não quer ficar sem gasolina, sem carne, sem legumes, sem que a empregada chegue ao emprego, nem abrir mão de viajar no feriado. Queremos um Brasil diferente, mas se virem, não ousem me deixar sem mamão formosa.
“Empresto uma frase da jornalista Mariliz Pereira Jorge da Folha, a qual diz sabiamente: “.É incrível que o mesmo povo que se mobiliza em doações quando acontecem tragédias naturais se transforme numa corja repugnante e mesquinha quando o seu rabo apenas parece estar na reta. Haverá prejuízos bilionários em vários setores, mas a barulheira é para garantir tanque cheio e prateleiras abastecidas. Apenas.” – relata em um dos seus artigos.
Num cenário de catástrofe, muitos brasileiros mostraram sua verdadeira face, aproveitando-se da fragilidade do momento, aumentando os preços de forma insana de diversos produtos que estavam em falta, como o gás de cozinha, mostrando-se infelizmente ser em parte um povo canalha, que nem em situações extremas sabe se autoajudar, pelo contrário, procuraram tirar proveito do caos para ganhar dinheiro.
Precisamos muito de políticos mais imbuídos em ajudar a melhorar nosso Brasil, mas também precisamos ter vergonha na cara e saber que um país só se resolve quando tivermos um povo mais altruísta e patriota.
Ao invés de pedirem intervenção militar, deveriam, sim, pedir intervenção psiquiátrica.
Chatô é escritor