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    Confesso que não sei_Chatô

    1490 Jornal A Bigorna 21/03/2021 23:00:00

    Por Assis Chateaubriand

    Tenho conversado pouco. O pouco que se transformou em muito. Os amigos, mais por telefone; não gosto do tal WhatsApp, já que preciso do olho no olho ou pelo menos ouvir uma voz do outro lado.

    E assim tem sido por 1 ano. Quando ‘nos liberaram’, confesso que me senti aliado, a dor da tal peste moderna, acreditava este incrédulo, estava com os dias contados. Apesar de tudo, ainda sou um otimista, mas caí, literalmente do calo, e ela voltou mais forte e matando mais pessoas.

    Confesso que fiquei aturdido e chocado, e, pior, ainda estou; sem visão para um futuro que acreditei que teríamos neste 2021, um pouco melhor, mas que de sobressalto, mais uma vez a vida nos prega peças que doem na alma.

    Confesso que um amigo me perguntou: E aí, como você está? Quando isso vai acabar?” – e eu, doutro lado da linha, não soube responder, pois já não existe ‘achismo’ quando algo tão grave nos colocou numa ‘bolha’.

    Usando as palavras do grande escritor Ignácio de Loyola Brandão, faço deles minhas palavras:

    “Um ano de covid. Estas imagens sintetizam nossa vida cotidiana desarranjada. Retrato de nosso dia a dia nestes últimos doze meses. Nossa vida deixou de ser o que era para se tornar um contínuo adaptar-se, angustiar-se, solucionar problemas que nunca existiram, exacerbar solidões e traumas, adquirir novos hábitos como usar máscaras, passar álcool em gel continuamente, evitar abraços, apertos de mão, dois beijinhos na face. E chorar nossos mortos, chorar.

    Tudo começou, era uma bobagem, caxumba, nada mais que uma gripezinha, disse o mandatário. E vieram os primeiros mortos, os segundos, terceiros, chegou-se a vinte, cem, duzentos, mil. Ninguém sabia o que fazer. Ninguém ainda sabe, afinal é coisa nova, mas que mata. Mata um desconhecido, mas também nossos parentes, pais, avós.

    365 dias em que muitos se mostram solidários, correm para amparar quem precisa, outros descobrem que o exercício físico pode ser feito sem academias, famílias se unem, mas também se desunem, hora de repensar tudo, modificar, não enlouquecer, buscar clareiras na cidade, deixar as ruas desertas, tudo estranhamente fechado. Será isto uma guerra nuclear mudando tudo, matando todos?”

    As palavras mais que atuais do mestre da escrita nos mostra que estamos aqui sobrevivendo.

     Até quando isso vai continuar?

    Confesso que não sei!

    Chatô é escritor

     

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