
A imprensa cumpre um papel cada vez mais importante nos dias de hoje. Em tempos de pandemia e de desinformação, jornalistas são a ponta de lança para garantir a toda sociedade dados e reflexões precisas sobre os fatos que movem o mundo. Mas, infelizmente, uma parte da sociedade ainda acha que jornalistas profissionais devam ser pendurados de cabeça para baixo e execrados em praça público como se fazia com déspotas e genocidas. E essa mesma multidão reunida com base em percepções erradas de mundo e de ética se acha no direito de fazer linchamentos morais que não prosperam diante da análise mais rasa e simples.
Aos fatos: quando a imprensa relata um infortúnio, seja um desastre ou a morte de alguém relevante, a parte mais importante é mencionar a referência sobre aquela ocorrência. É uma barragem que rompeu? Onde ficava? O que tinha lá? Qual a extensão do dano? É um político que se envolveu em um crime? Quem é ele? De qual partido? Quais cargos públicos ocupou? Já teve envolvimento em outros crimes? Ou seja: a famosa lição de casa.
E foi essa lição de casa que cumprimos ao relatarmos a lamentável morte de João Fragoso, o Grelinha. E, infelizmente, não podemos esconder a verdade: ele se envolveu no maior escândalo de corrupção da história de Avaré.
Não fazemos julgamento de caráter, mas relatamos os fatos. Citar isso na hora de reportarmos esse triste falecimento é o cumprimento de nossa missão jornalística. Se ele tivesse sido um grande benemérito, também citaríamos. Se fosse um político, ou poeta, ou artista, também seria mencionado. Mas, lamentavelmente, o legado que ele deixa é esse, por nós noticiado. A lição que fica é que cada um é responsável pelo seu legado. Plantar abacaxi não vai fazer nascer maçãs. E atirar pedra na janela da imprensa não vai mudar a paisagem de ninguém. Só mostra o quanto a nossa sociedade precisa cada mais de jornalismo isento e de qualidade.