
Os distúrbios de sono já são o segundo transtorno mental mais recorrente no mundo, afetando um terço da população mundial. (//iStock)
Pesquisadores ingleses e chineses descobriram uma ligação neural entre depressão e problemas de sono, segundo estudo publicado no JAMA Psychiatry. De acordo com especialistas, cerca de 75% dos pacientes deprimidos relatam dificuldade para dormir ou insônia. A equipe envolvida na pesquisa aponta que as áreas do cérebro associadas à memória de curto prazo e emoções negativas podem prejudicar o sono dos pacientes uma vez que os pensamentos pessimistas são um fator relevante para a aparição de distúrbios do sono.
Além disso, a privação de sono, causada pela vida moderna, aumenta os riscos de desenvolver depressão, evidenciando a extensa ligação entre os problemas. Diante da descoberta, os cientistas acreditam ser possível melhorar a qualidade de sono dos pacientes com depressão e criar novas possibilidades de tratamento, que visem tratar ambos os transtornos.
Depressão e sono
Os resultados foram obtidos através da análise de dados de cerca de 10 mil pessoas, que avaliou os mecanismos neurais capazes de demonstrar a conexão entre os dois problemas. De acordo com o estudo, no cérebro de pessoas com depressão notou-se que duas áreas do córtex – o pré-frontal dorsolateral (associado à memória de curto prazo) e o órbito frontal lateral (associado à emoção negativa) – estão conectadas com a parte do cérebro responsável pela consciência do “eu” — se essa conexão aumentar as atividades nestas regiões cerebrais, isso pode resultar em má qualidade do sono.
Edmund Rolls, co-autor da pesquisa, disse que os resultados permitem uma melhor compreensão da doença, que afeta mais de 216 milhões de pessoas (3% da população mundial). Para ele, o estudo fornece suporte para a teoria de que o córtex órbito frontal lateral é uma área do cérebro que pode ser explorado para desenvolver novos tratamentos para a depressão.
Distúrbio de sono
De acordo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os distúrbios de sono já são o segundo transtorno mental mais recorrente no mundo, afetando um terço da população mundial. Os tipos mais comuns são: síndrome das pernas inquietas, caracterizada por um desejo quase irresistível de mover as pernas, geralmente à noite; jet lag, que costuma afetar pessoas que viajam rapidamente em vários fusos horários; narcolepsia, que causa sonolência diurna excessiva; sonambulismo, quando as pessoas levantam e caminham durante o sono; apneia obstrutiva do sono, caracterizada pela obstrução intermitente do fluxo de ar durante o sono; e insônia, que são problemas persistentes para dormir e permanecer dormindo.
“No mundo de hoje, a falta e a privação de sono se tornaram um problema comum que afeta mais de um terço da população mundial devido às longas jornadas de trabalho, tempo de deslocamento, atividade noturna e aumento da dependência de equipamentos eletrônicos”, alertou Feng.
Segundo os pesquisadores, a relação entre depressão e sono foi observada há mais de cem anos, mas o novo estudo conseguiu identificar os mecanismos neurais que conectam os dois transtornos.(DaVeja)