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    1084 Jornal A Bigorna 17/03/2024 20:30:00

    Poesia

    Infanciazinha

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    Santos Peres

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    Pai cozinhava o galo enquanto roça ardia na tiririca;

    mãe dava de comer aos filhos:

    mandioca da horta e leite da cabra menina.

    Sempre um rio nos olhos da mãe

    quando vento bulia cosgalhos das araucárias,

    naquelas tardes de Paraná.

    Mãe contava umas histórias

    para dormir que vou te contar:

    havia uma princesa e um castelo

    e um cavalo branco;

    a moça tinha cabelo comprido...

    Por ele o herói chegava à torre.

    Pai também tinha um cavalo branco,

    já sem dentes.

    Mas nosso castelo era de chão batido,

    lamparina alumiando estampas de santo

    e janela esquecida-em-azul,

    sempre aberta às batidas do monjolo

    e aos pirilampos pisca-não-sim.

    Bom mesmo era ouvir Jerônimo

    - Justiceiro do Sertão – na Piratininga,

    antes da conversação das maritacas

    no quintal, onde a roça se perdia na tiririca

    enquanto pai cozinhava o galo

    e mãe chorava rios profundos...

    Talvez mãe chorasse porque o cavalo branco do pai

    houvera perdido os dentes

    ou porque ela cortara os cabelos.

    Vai saber...

    Mães são tão cheias de histórias...

    Inda mais quando vento bole

    cosgalhos de araucárias.

     

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