Liturgia do André # 49 — A sociedade da ilusão

Aforismos do Pondé:

Por que queremos ser donos da verdade?

Tomar o que se pensa como verdade é uma vocação antiga, uma espécie de instinto de sobrevivência, sem o qual o ser humano se desespera.

Qual a influência das redes sociais nessa busca?

Na superficialidade da linguagem das redes sociais, esse instinto de tomar o que pensamos como verdade se tornou banal, disperso e compartilhado em uma coletividade de palavras sem significado em repetição. O resultado disso é uma pluralidade de verdades banais que mudam ao sabor do vento, dependendo de quem está engajando com mais força e a qual crença infantil mais gente está aderindo.

A sociedade superficial

Uma mulher está processando a empresa onde trabalhava após ter sido negado a ela um pedido de licença-maternidade para cuidar de um bebê reborn. Funcionária do local desde abril de 2020, a mulher, que mora em Salvador e trabalhava como recepcionista, "constituiu, com legítimo afeto, profundo vínculo materno com sua filha reborn", que inclusive foi batizada de Olívia de Campos Leite, segundo a defesa dela.

A sociedade superficial 2

A maternidade não é apenas biologia. É principalmente afeto, responsabilidade, cuidado. Alegam os advogados da ‘mãe’ do bebê que não possui vida: Estamos no colapso da sociedade!

A sociedade da ilusão

A sociedade atual valoriza mais a imagem do que o caráter, transformando relações em exibições superficiais.

As redes sociais incentivam a busca por likes, reduzindo emoções genuínas a filtros e poses. As pessoas se escondem atrás de perfis perfeitos, negando vulnerabilidades e autenticidade. O resultado é uma vida vazia, onde o ser humano é substituído por uma versão editada de si mesmo.

Conexões vazias

Interações humanas são trocadas por mensagens rápidas e emojis, sem profundidade ou verdadeiro diálogo. Amizades e até amores são cultivados online, mas muitas vezes não resistem ao contato real. A solidão aumenta em meio a milhares de "seguidores", pois falta conexão emocional verdadeira. Vivemos cercados de pessoas, mas mais isolados do que nunca, presos em bolhas digitais.

Fuga da realidade

As redes sociais criam um mundo paralelo, onde problemas reais são mascarados por sorrisos em selfies. Em vez de enfrentar desafios, muitos preferem criar narrativas ideais para ganhar aprovação virtual. A vida offline torna-se entediante, pois não há curtidas ou compartilhamentos na rotina comum. Assim, perdemos a capacidade de viver plenamente, trocando experiências reais por validação efêmera.

Estão parando de pensar

Forasteiros no planeta da mente, é o que somos . E na era digital, intoxicado com exteriorização, somos mais ainda desconhecidos de nós mesmos. Sem universo dos pensamentos , não existiríamos para nós mesmos, seríamos trilhões de células agrupadas em um corpo que vagaria solitariamente pelo teatro da existência.

Adolescentes

Assim nossos adolescentes vivem num planeta em que nós, mais velhos , não vivemos mais, e que os pais atuais estão deixando que seus filhos se distanciem cada vez mais da realidade  entregando-os aos celulares.

Pensamento público

O pensamento público que seria praticado por poucos com fórmulas mais sofisticadas foi se tornando mais imbecil. As redes sociais ao mesmo tempo que democratizaram a emissão de conteúdo tornaram a nossa espécie mais claramente boba na produção de um conteúdo miserável.

Tolos

Só os tolos estão sempre cheios de convicção, enquanto os sábios estão cheios de dúvidas.