
Por Assis Chateaubriand – Nosso querido cemitério não tem mais ‘vagas’. Em Avaré, até morrer para se despedir desta vida, as coisas vão de mal a pior.
Sem espaços, o local familiar para enterrar seus entes queridos, infelizmente está encontrando dificuldades.
O último prefeito que tentou algo neste sentido, erigir um novo cemitério foi Rogélio Barcheti, depois dele, ninguém fez mais nada. Uma pena e um desrespeito com a população.
Para muitos é apenas um local esquecido, mas muitos outros é um lugar onde seus entes queridos ali descansam depois de passar por este plano de vida.
Enfim, o cemitério tem seu valor, seja simbólico ou guardado no coração das pessoas. Quem não sente falta de um pai, uma mãe uma avó, avô, tio, filho ou filha e, sempre que esse amor ou saudade desperta, não sente vontade de visitar o local onde deixaram àqueles que amam?
Tratar com desleixo e sem se preocupar com a dor alheia, que, naquele momento, sofre, e ter que ouvir do chefe do setor que não há vagas, é tão revoltante quanto canhestro.
Parece que morrer, de fato, virou dinheiro nas mãos de alguns. Sem sentimento, a morte, embora seja uma passagem na vida, é uma dor que o ser-humano suporta com dificuldade, e depois com saudades.
A vida é jubilo real e sua consequência é depois nos despedirmos deste mundo - sem nada - do mesmo modo em que chegamos, nós partimos. Daqui não levamos nada. E assim, nada mais justo do que termos um lugar para que possamos deixar àqueles que nos amaram e que nós amamos.
Deixar o cemitério sem condições é o mesmo que não se importar com a dor alheia.
Chatô é escritor