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    O início do Holandês Restaurante

    791 Jornal A Bigorna 05/05/2024 08:00:00

    A minha história de amor com a cozinha começou quando ainda era muito novo. Nasci nos Países Baixos, mas a minha família se mudou para Bélgica quando ainda tinha 10 anos. O grande norte sempre foi a minha mãe, Dona Maria, que tinha a capacidade de fazer um banquete com pouquíssimos ingredientes e recursos.

    A criatividade dela era inigualável: nada se perdia, tudo se aproveitava e as eventuais poucas sobras eram utilizadas para alimentar as galinhas que ela criava no fundo do quintal. Descobri com o tempo que este bom aproveitamento que ela fazia, era um resquício da época da segunda guerra mundial, que ela viveu intensamente. Esta guerra se iniciou quando ela tinha 11 anos, e terminou aos seus 16 anos.

    Com a ocupação do território holandês pelos alemães, como acontece em toda situação de guerra, os alimentos se tornaram escassos para todas as classes das sociedade. Tudo era racionado e, portanto, tinha disponibilidade limitada. Obviamente nada podia ser desperdiçado. Ela contava que ao cair da noite, ela e a sua irmã mais velha, regularmente saíam para procurar cogumelos selvagens e urtigas para garantir a refeição da noite. Frutas selvagens eram colhidas para fazer compotas, e verduras plantadas no quintal eram transformadas em conservas.

    Este conhecimento adquirido nessa época difícil foi usado por ela todos os dias de sua vida. Lembro muito bem das caminhadas que fazíamos em família nas florestas dos Flandres, durante qual ela ensinava quais os cogumelos e frutas eram comestíveis e quais não. Voltávamos sempre para casa com uma quantia pequena para comer a noite e de frutas para preparar geleias. Nunca compramos geleia, sempre era preparada por minha mãe.  

    A única coisa que ela nunca preparou foi a sopa de urtiga, até que um dia, pedimos para que ela a fizesse para nós. E lá fomos, ela com seus quatro filhos, para colher urtiga. Ela as colhia com muito cuidado para não se queimar, e de volta em casa, tirava as folhas para preparar a tal sopa, que por sinal é bastante saborosa e nutritiva. A grande lição para mim foi que os alimentos têm que ser preparados de forma simples, para valorizar e realçar sempre o próprio sabor. Essa foi, e continuará sendo a filosofia e a base do meu trabalho profissional que começou aproximadamente 35 anos atrás, e resultou na abertura do ‘O Holandês Restaurante’  em 16 de dezembro de 2004.

     

    Lambertus é entusiasta de culinária desde pequeno, mora no Brasil desde 1980, e é o responsável do O Holandês Restaurante, localizado na rua Minas Gerais 1014, Avaré. Atendimento de segunda a sábado das 11:30h às 14:00h. Fone 14-997050798

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