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    628 Jornal A Bigorna 24/12/2022 06:50:00

    Palanque do Zé

    Pós-verdade é um neologismo criado visando descrever a situação na qual, na hora de criar um fato para moldar a opinião pública, os acontecimentos têm menos influência que os apelos às emoções e às crenças pessoais.

    E, mais do que ninguém, o Partido do Trabalhadores é especialmente bom no exercício da pós-verdade, nome moderno e politicamente correto para “mentira”.

    Recentemente falei aqui na Coluna, sobre a multidão de partidários que Lula chama de “Equipe de Transição de Governo”. Pois bem, como esperado, os apaniguados falaram muito e produziram pouco.

    É que o grupo divulgou no último dia 22, o seu Relatório Final sobre as Propostas de Governo para os próximos quatro anos.

    O documento, que poderia contar facilmente com mais de 10 mil folhas dada a complexidade de se governar o Brasil e o volume absurdo de gente que foi selecionada para elaborá-lo, na verdade traz apenas míseras 100 páginas, sendo que 30 foram utilizadas apenas para listar os nomes das mais ou menos mil pessoas que assinam o texto...

    Aí, das 70 restantes, 2 páginas são reservadas à capa, e outras duas ao sumário.

    Assim, só restam 66 ao “Relatório”... Dessas, 46 servem apenas para atacar o Governo Jair Bolsonaro (PL) e taxar seus 4 anos à frente do Executivo Federal como sendo uma “herança perversa”.

    Restam 20 páginas... Não dá nem pra fazer uma monografia com isso. Mas a Multidão de Lula ainda optou por gastar mais 5 páginas na tentativa inútil de justificar o rombo no Teto Constitucional de Gastos, cujo nome bonito é “PEC da Transição”. Com isso, o novo Governo pode deixar o valor de R$ 145 bilhões do Orçamento de 2023 fora do teto de gastos. Supostamente, esse mar de dinheiro será utilizado para bancar despesas com o Bolsa Família, o Auxílio Gás e a Farmácia Popular, dentre outras.

    Sei que a causa parece nobre, mas a verdade é bem diferente, pois esse rombo – ainda que revestido de legalidade – terá de ser pago, e fatalmente impostos deverão aumentar para que as contas fechem. Um dia.

    Usando termos como “PEC”, “teto de gastos” e “orçamento”, tudo fica complicado, mas na verdade é bem simples. Amanhã, você chega na sua esposa e diz: “Apesar de continuarmos ganhando R$ 3 mil mensais, agora não consideraremos mais o valor da fatura do cartão de crédito, que continuará sendo usado normalmente, mas que será pago com dinheiro não incluso no nosso salário, mas sim oriundo das nossas economias e empréstimos bancários”.

    Qual a chance disso dar certo? É, pois é.

    Mas, voltemos ao “Relatório”. Agora, só restam 15 páginas. Destas, 8 servem para anunciar quais leis e decretos serão abolidos.

    Restam 7 páginas. Não dá pra fazer quase nada com isso... Essa coluna, por exemplo, já teve vários textos mais longos. Mas os petistas ainda gastaram mais 6 páginas para falharem miseravelmente na tentativa de explicar o motivo de o Governo do Brasil precisar ter 37 ministérios. Era mais fácil terem dito, em uma linha, que são muitos os apaniguados precisando de uma vaguinha no serviço público!

    E, por fim, há uma única página destinada a explicar o motivo de existir do grupo. Ou seja, plano de verdade mesmo, não tem.

    Essa não é a primeira vez que Lula se vale de um “Plano de Governo” para atacar seu antecessor. Em 2003, a vítima da vez foi o agora aliado Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Na época, FHC foi acusado de deixar para Lula, uma “herança maldita”.

    A única diferença para os dias atuais, é que agora o termo “herança maldita” não pega bem junto ao pessoal do politicamente correto, então o Grupo da Transição preferiu dizer que Lula recebe uma “herança socialmente perversa e politicamente antidemocrática deixada pelo governo Bolsonaro, principalmente para os mais pobres”.

    É claro que isso passa milhas e milhas da verdade, mas se seguirmos por esse caminho, a coluna vai ficar mais longa do que a lista de signatários do Plano de Governo do Lula.

    Mas, para encerrar esse texto, gostaria de fazer umas comparações.

    Dilma Rousseff (PT) deixou o Governo em 2016, com a inflação em 9% no Brasil e 1% nos Estados Unidos. Agora, Lula recebe a inflação brasileira na casa dos 6,5%, inferior à norte-americana.

    Em 2016, o nosso Produto Interno Bruto havia encolhido 4%, enquanto a economia mundial cresceu 3%. Para esse ano, o FMI estima que o Brasil crescerá quase 3%, mesmo porcentual projetado para a economia mundial.

    O desemprego no último ano de Dilma era próximo de 12%,e agora está em cerca de 8%.

    O que os petistas querem dizer, quando falam de “herança socialmente perversa” deixada por Bolsonaro? Realmente não sei.

    Em verdade, as tais 100 páginas do “Relatório” não passam de esforço ideológico inútil, algo bastante previsível em se tratando de PT, um partido especialista em mentir.

    Com essa Coluna, eu tentei te poupar do sacrifício que é ler o “Relatório” petista e te manter preparado para o pior, mas se você for masoquista e quiser mesmo sofrer, o link do documento é esse: https://gabinetedatransicao.com.br/wp-content/uploads/2022/12/relatorio-final-da-transicao-de-governo.pdf

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    Os textos do colunista não expressam, necessariamente, a opinião do Jornal A Bigorna.

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