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    531 Jornal A Bigorna 14/01/2024 19:00:00

    Palanque do Zé

    Em 4 de dezembro de 1963, o Senado Federal viveu um dos dias mais tristes de sua história, que traz muitos episódios onde os limites da degradação humana foram amplamente testados, como se sabe.

    Na citada data, os senadores Arnon de Mello (PDC-AL) e Silvestre Péricles de Góis Monteiro (PTB-AL), arquirrivais políticos e pessoais, trocaram tiros no plenário da Casa, o qual resultou na morte do senador José Kairala (PSD-AC), que estava presente na sessão.

    Antes mesmo de prosseguir, vou tirar sua dúvida: Sim, Arnon de Mello é pai do Ex-Presidente da República Fernando Collor de Mello, que também já foi Senador, mostrando mais uma vez, que as famílias poderosas de outrora, continuam poderosas atualmente. Mas isso é papo para outro dia.

    Fato é que naquela data, Arnon afirmou: “Senhor Presidente, com a permissão de Vossa Excelência, falarei de frente para o Senador Silvestre Péricles de Góes Monteiro, que me ameaçou de morte.”

    A inimizade entre Arnon e Silvestre já durava tempos, desde a época em que disputavam cargos públicos em Alagoas, Estado de origem de ambos.

    O Presidente da Casa, Auro de Moura Andrade, já tinha percebido a tensão, e alertou para que eles maneirassem, por assim dizer. Mas o Senador Silvestre não aceitou o desaforo e atacou verbalmente Arnon que, por sua vez, sacou um Smith & Wesson de calibre 38, e disparou várias vezes.

    Nenhum dos disparos atingiu Silvestre, que “jogou-se no chão e rastejou entre as fileiras de poltronas com seu revólver na mão”, contou o Jornal do Brasil na época dos fatos.

    Entretanto, dois dos tiros efetuados por Arnon acertaram o Senador José Kairala, que não tinha nada a ver com o problema. Embora tenha sido socorrido e levado ao Hospital Distrital de Brasília, ele faleceu poucas horas depois.

    Como população pressionou os senadores, eles mudaram tudo para não mudar nada e aprovaram, por 44 a 4, a prisão dos colegas Arnon e Silvestre. Mas como o Brasil já era o Brasil, não demorou nada para que ambos pudessem circular novamente, já que menos de 6 meses depois, tanto Arnon quanto Péricles foram soltos pelo Tribunal do Júri de Brasília.

    Arnon negou sempre, mas dizem que, enquanto permaneceu na cadeia, manteve o seu revólver – a arma do crime - sempre consigo, o que causava certo desconforto nos carcereiros que eram responsáveis por garantir que ele não fugisse e estivesse sempre à disposição da Justiça.

    Depois de deixar a prisão, Arnon voltou ao Senado normalmente, e foi reconduzido ao cargo, ocupando-o até sua morte, em 1983.

    Nessa história toda, quem mais saiu prejudicada foi a família do Senador Kairala, pois sua viúva, Maria José Kairala, teve que criar quatro filhos sozinha e enfrentou dificuldades financeiras. Ela até tentou processar o Senador Arnon de Mello e a União para obter indenização, mas não obteve sucesso.

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