• Palanque do Zé #363 – 1984, a distopia de Orwell

    144 Jornal A Bigorna 27/07/2025 15:40:00

    Não tenho a menor dúvida de que a grande obra-prima de George Orwell, é a distopia “1984”, que transcendeu a sua publicação em 1949 para se tornar um espelho atemporal das ameaças à liberdade e à verdade.

    E olhe que estamos falando do mesmo autor de “A Revolução dos Bichos”, “O Caminho Para Wigan Pier” e “Dentro da Baleia e Outros Ensaios”, dentre outros.

    Em uma narrativa que se passa no ano de 1984, na fictícia nação de Oceânia (uma Inglaterra que perdeu a Segunda Guerra), o autor modernista constrói um cenário totalitário assustadoramente familiar. Orwell não apenas nos apresenta a história de Winston Smith (em clara referência a Churchill), um indivíduo que ousa questionar o poder vigente, mas nos convida a uma reflexão profunda sobre o controle, a manipulação e a própria natureza da realidade.

    Na Oceânia de Orwell, a figura do Grande Irmão representa o ápice da vigilância e do controle estatal. Através das onipresentes teletelas, espécies de computadores com transmissão ao vivo de som e imagem, os cidadãos são constantemente monitorados, sem qualquer espaço para privacidade. Foi daí que aqueles caras tiraram inspiração e criaram o Big Brother, aquele programa de TV. Em inglês, “Big Brother” significa “Grande Irmão”.

    Mas, voltando, o regime totalitário do Partido, com seus slogans paradoxais — “Guerra é paz”, “Liberdade é escravidão”, “Ignorância é força” —, demonstra uma inversão radical de valores e a imposição de uma nova lógica, onde a mentira é a nova verdade. Mais ou menos como acontece no Brasil, onde o poste mija no cachorro e a banana come o macaco...

    O protagonista Winston Smith trabalha no Ministério da Verdade, um lugar onde a história não é preservada, mas sim reescrita, mais ou menos como a nossa grande mídia faz atualmente. Documentos, jornais e até mesmo a memória são alterados para se alinhar aos interesses do Partido.

    Nem mesmo a língua escapa de ter palavras ressignificadas, para expressar o que deseja o Partido, exclusivamente. Pode parecer absurdo, mas a nossa sociedade fez exatamente isso com termos como “patriota”, “milícia” ou “fascista”, por exemplo.

    Essa manipulação tão profunda da verdade é um dos elementos centrais da obra, um eco perturbador da propaganda política e da desinformação que se tornaram tão prevalentes no nosso mundo. Para eles, não interessa o que é dito, e sim quem disse.

    O grande mérito da obra de Orwell é nos alertar que, se a realidade pode ser controlada por aqueles que detêm o poder, a própria noção de verdade se torna obsoleta, e a liberdade de pensamento é aniquilada. E aí, do nada, você já não pode mais protestar, questionar o sistema ou até mesmo dizer coisas simples, mas que importam, porque nada é permitido, ou porque foi considerado crime, ou porque é tido como grosseria, simplesmente.

    A relação amorosa de Winston com Julia e a sua tentativa de rebelião contra o Partido nos mostram a resiliência do espírito humano, mesmo em face da opressão. No entanto, o desfecho trágico da sua história serve como um lembrete sombrio de que, em um sistema que prioriza a conformidade acima de tudo, a esperança pode ser uma força perigosa, e a família é a inimiga número 1 do Estado.

    O que torna “1984” tão relevante hoje é a sua capacidade de dialogar com os desafios do nosso tempo. Embora Orwell não tenha previsto a internet ou as redes sociais, ele capturou a essência da vigilância em massa, da polarização e do perigo de sociedades que permitem que seus governos controlem a informação.

    A obra nos encoraja a questionar, a pensar criticamente e a lutar para preservar a verdade, a liberdade e a nossa própria individualidade. O alerta de Orwell é mais do que uma história do passado; é um chamado à vigilância constante e à defesa incansável dos nossos direitos.

    --- -- ---

    Oração da Serenidade

    Deus, conceda-me a serenidade

    Para aceitar as coisas que não posso mudar,

    A coragem para mudar as coisas que posso

    E a sabedoria para discernir uma da outra.

    Vivendo um dia de cada vez,

    Apreciando um momento de cada vez,

    Recebendo as dificuldades como um caminho para a paz

    E, como Jesus, aceitando as circunstâncias do mundo

    Como realmente são, e não como gostaria que fossem.

    Confiando que o Senhor tudo fará

    Se eu me entregar à Sua vontade;

    Pois assim poderei ser razoavelmente feliz nesta vida

    E supremamente feliz ao seu lado na eternidade.

    Amém.

     

    --- -- ---

    Se você gosta e apoia o meu conteúdo, participe dos grupos do Palanque do Zé.

     

    Telegram: https://t.me/palanquedoze

     

    WhatsApp: https://chat.whatsapp.com/FhUuwHcdyvJ8RrZ9Rzzg53

     

    --- -- ---

    Os conteúdos publicados no “Palanque do Zé” não refletem, necessariamente, a opinião do Jornal A Bigorna. Assim, são de total responsabilidade do Autor, as informações, juízos de valor e conceitos aqui divulgados.

     

     

    OUTRAS NOTÍCIAS

    veja também