• Práticas políticas num cenário precoce em Avaré

    1640 Jornal A Bigorna 28/07/2020 23:20:00

    Por Assis Chateaubriand

    O Xadrez é um esporte, mas também é considerado uma arte e uma ciência, assim como a política é a arte. Desta premissa – sem subterfúgios - a verdadeira política é arte que se vale do diálogo para encontrar as soluções mais adequadas ao bem comum, a partir da argumentação, de compreensões lúcidas sobre a realidade.

    Há uma linha tênue entre o legítimo e o espúrio, que é definida pela questão ética. “Fazer com que a política se torne, cada vez mais, a arte do diálogo, exige dos representantes do povo disposição para o exercício da humildade e da generosidade. Abertura para a escuta, sem se apegar a interesses egoístas e cartoriais”, escreveu o Arcebispo de BH Dom Walmor Azevedo.

    Hoje, as práticas políticas nos deixam em terreno arenoso. Diversos políticos se arriscam ao registrar fatos sem o julgamento do tempo. Às vezes, trazem a abundância de ficções, referências e metáforas tão presente nas narrativas contemporâneas. Aliás, as ficções sempre foram o vértice entre arte e política. Segundo Rancière, arte e política produzem ficções, construídas entre a aparência e a realidade, entre o visível e o seu significado, entre o singular e o comum

    Nestas reverberações políticas atuais de Avaré, o PODEMOS reage com uma nota em que abandona um pretenso candidato à prefeitura de Avaré Alexandre Monteiro. O partido tem todo o direito de tal ação, porém, ainda estamos num período de adaptação e diálogo, o que denota um ponto um pouco precipitado neste real momento.

    Jô Silvestre que já afirmou que tentará a reeleição é um candidato natural, assim como Denílson Ziroldo, que igual aos demais estão se agrupando, em movimentos de peças que ainda estão sendo moldadas, portanto, qualquer deslize ou movimento brusco neste momento, não é viável para parte alguma.

    Dos grandes aos pequenos acontecimentos, “nada do que um dia acontecer pode ser considerado perdido para a história”, escreveu Walter Benjamin. Portanto, tudo que está acontecendo neste momento, refletirá no futuro.

    Parafraseando o Papa Francisco a boa política é uma forma eminente de caridade.  É o caminho fundamental para se construir a cidadania, realizar obras. Uma verdade que precisa tocar o coração de todos, sobretudo dos que se candidatam e são escolhidos pelo povo para o exercício do poder. Mesmo que muitos interesses estejam envolvidos nas discussões políticas, é dever de quem representa o povo permanecer firme na defesa de seus representados, sem se deixar seduzir pelos objetivos de grupos com ambições pouco nobres. A política exige respeito a referências inegociáveis, ancoradas na liberdade e no compromisso com o bem comum. Nesse sentido, a meta de quem exerce o poder deve ser promover a dignidade humana, em profundo respeito à justiça.

    Em síntese, sem a pretensão de esgotar o paralelo, toda a ação, em primeira mão é potencialmente política porque, para além de sua função social, ela é resistência, afeto, insubordinação, e, muitas vezes, é a tomada de consciência de que as bandeiras partidárias são menos relevantes do que o ato de existir em sociedade e nela insistir nas revoluções diárias.

    Às vezes, os amores, os instintos e a inscrição do instante, se tornam declarações políticas. Cabe aos políticos o registro sensível desses “agoras” e aos jornalistas o permanente reexame dessas proposições.

    Caso contrário, o eleitor verá um cenário de “irreverência pop das bananas”

     

    Chatô é escritor

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