
ÚLTIMO SALTO
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Santos Peres
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Da ponte, o homem observa:
rio acalentando pedras,
garça na solidão aguda do bico,
margens esquecidas ao tempo.
As pedras luzidias –
sepulcro das águas –
esperam pelo último salto,
enquanto uma oração se desmancha
no desassossego da tarde...
O homem sabe que a água é fria,
como a indiferença à morte que se morre
toda hora de fastio ou de preguiça.
Da ponte sobre o rio o horizonte
nem sempre é azul aos que recolhem
nuvens quebradas e esperam
pelo último navio.