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José Carlos Santos Peres
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Esse assalto a agência dos Correios de Avaré é de crônica anunciada. Não é de hoje que sabemos de ação do gênero em sedes pelo interior.
Lotéricas, idem. Essas, pelo menos, procuram se guardar com alarme de pânico e principalmente com capsulas blindadas para proteger os funcionários. Não resolve totalmente, mas já é alguma coisa.
E os Correios? Aos cuidados do divino.
O que chama atenção, portanto, é que as agências não contam com Seguranças, mesmo as localizadas em centros urbanos de grande movimentação.
E hoje, uma agência é multifuncional. Foi-se o tempo de selos e cartinhas, do carteiro com sua mochila e bicicleta chamando-nos pelos nomes, na taramela dos portões.
Uma agência de correios é um banco, agregando valor à atividade: valores em cédulas são depositados nos Caixas, além das atividades inerentes à operação específica. Virou Banco Postal, com todos os encargos.
Há monitoramento eletrônico. E daí?
Serve, em alguns casos à polícia em seu trabalho de pesquisa. Mas o importante, que é a vida do funcionário que fica sob a mira de um revólver, câmeras não resolvem.
A presença de um agente de Segurança naquele prédio com certeza inibiria a ação dos bandidos.
O assaltante opta sempre por caminhos destravados. Um contentor armado do outro lado o faz pensar; saber que poderá haver confronto o desestimula.
Nem porta eletrônica com dispositivo para evitar o porte de armas e objetos afins as agências são contempladas. Entra quem quer. Até os encapuzados.
Não resolve lembrete afixado na porta de entrada dizendo ser proibido o uso de capacetes. Lembrete avisa, não impede!
Sabemos que os Sindicatos hoje não têm força. Mas cabe a pergunta: o que faz o da categoria que não abre diálogo com a diretoria para exigir o que deve estar na Constituição: o da empresa proporcionar aos seus funcionários um ambiente saudável, seguro?
Pelo jeito, nessa visão mercantilista que move o sistema prestador de serviços, o funcionário é apenas um parafuso da engrenagem que, como tal, pode ser esmagado.
E os clientes, que por acaso se encontrarem numa agência sob mira de um revólver, apenas pessoas que não estão rezando para o santo certo.
*José Carlos Santos Peres é escritor