A quatro meses de completar 80 anos, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu é sempre consultado por políticos de vários matizes ideológicos: do PT ao Centrão, do MDB ao PL do ex-presidente Jair Bolsonaro. “Sabe por que o diabo é sábio?”, pergunta, olhando por cima dos óculos. Ele mesmo responde: “Porque é velho”.
Nos últimos dias, Dirceu assumiu papel de destaque na montagem da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à reeleição. Ao resgatar a credencial de articulador político do partido, que comandou de 1995 a 2002, o ex-ministro afirmou que nenhum candidato da direita ganhará votos defendendo anistia a Bolsonaro, mas também não conseguirá se livrar dele.
“Bolsonaro não vai sair de cena. Isso é uma ilusão. O bolsonarismo tem um problema para resolver”, avaliou Dirceu. “Ninguém forma maioria pregando indulto para Bolsonaro”.
O desafiante de Lula pelo campo conservador, no seu diagnóstico, será o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que receberá um “ultimato” da elite para entrar no páreo.
Cassado pela Câmara em 2005, após o escândalo do mensalão, Dirceu foi preso oito anos depois, acusado de chefiar um esquema de compra de votos no Congresso. Retornou à prisão outras três vezes, na esteira da Lava Jato. Em 2024, suas últimas condenações foram anuladas e, no ano que vem, ele disputará uma cadeira de deputado federal.
Na nova plataforma petista sob sua batuta haverá diretrizes para o partido nas próximas décadas. “A construção do pós-Lula passa pela reconstrução do PT”, observou Dirceu, que defende a criação de um ministério exclusivo para cuidar da segurança pública.(Do Estado de SP)













