A Sessão ordinária da Câmara Municipal de Avaré na última segunda-feira foi interrompida por um tumulto que resultou na retirada forçada de um cidadão do plenário. O incidente, registrado pelas câmeras da Casa, ocorreu durante acalorada discussão sobre o reajuste dos subsídios dos vereadores.
Nas imagens, é possível ver o munícipe, em tom elevado e com linguagem ofensiva, dirigindo-se aos parlamentares. O presidente da sessão, vereador Samuel Paes (PP), fez várias advertências formais, solicitando educação e respeito ao Regimento Interno. As exortações, no entanto, não foram acatadas.
Acusações de Manipulação Política
Segundo apurou o Jornal A Bigorna, com base em fontes sob sigilo profissional, a atitude do cidadão não foi espontânea. Informações obtidas pela reportagem indicam que ele teria sido orientado por um vereador da oposição a comparecer à sessão com o objetivo específico de criar caos e interromper os trabalhos.
Procurada, a assessoria da Câmara informou que "investiga os fatos" e que "qualquer conduta que infrinja o regimento será apurada". A oposição no legislativo não se manifestou oficialmente sobre a acusação até o momento da publicação desta reportagem.
Retirada e Controvérsia
Após persistir nas ofensas e, segundo testemunhas e a própria Mesa Diretora, tentar agredir servidores da Casa, o cidadão foi fisicamente retirado do plenário por funcionários da Câmara. Em meio à ação, o presidente Samuel Paes também se envolveu diretamente na contenção.
Especialistas em direito parlamentar ouvidos pela reportagem apontam que, diante da obstrução dos trabalhos e de um ato disruptivo, o presidente tem a prerrogativa de determinar a retirada do infrator. No entanto, a forma e o momento dessa ação podem ser objeto de debate político e jurídico.
Samuel Paes, em nota, defendeu sua conduta: "A Casa é do povo e está sempre aberta ao debate civilizado. No entanto, não pode se transformar em praça pública para ofensas e agressões. O Regimento Interno foi claro, as advertências foram feitas e a ordem precisou ser restabelecida. Lamento que qualquer vereador, de qualquer espectro, possa incentivar esse tipo de ação antidemocrática".
A Polêmica dos Vídeos Parciais
Uma segunda frente de polêmica surgiu nas redes sociais, onde vídeos editados, mostrando apenas o momento final da retirada, circularam amplamente. Essas postagens, desprovidas do contexto das advertências prévias e da suposta tentativa de agressão, geraram revolta entre quem não acompanhou a sessão integral.
"O bom jornalismo e o bom debate público exigem transparência completa", comentou a professora de comunicação social Maria Lúcia Fontes. "Quando se apresenta apenas um fragmento de um evento complexo, especialmente no calor do debate político, a tendência é a radicalização das opiniões, e não o entendimento dos fatos".
O Canal Democrático
A reportagem ressalta que o Regimento Interno da Câmara de Avaré prevê, em suas normas, um espaço formal para a participação popular. Qualquer cidadão pode solicitar, por meio de requerimento, o direito de se manifestar durante as sessões, desde que o faça com civilidade e respeito.
O episódio coloca em evidência o delicado equilíbrio entre a garantia da livre manifestação e a preservação da ordem necessária ao funcionamento do Poder Legislativo. Enquanto a investigação sobre a possível manipulação política do ato avança, o caso permanece como um debate aberto sobre os limites da atuação popular e os métodos da oposição dentro da Casa de Leis.













