NOSSOS MORTOS
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Santos Peres
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A luz da manhã redime a laje caiada:
desvãos corroídos, guardados de insetos
e formigas obesas;
na coloração esquecida, linhas traçadas
pelos dedos das chuvas...
Silêncio na indiferença miúda
de corruíras entre cravos deserdados,
velas bailarinas, contas de um terço desfeito
na pressa da visita.
A luz da manhã banha pálidas auréolas
nos anjos refletindo no mármore o vazio
de um céu ou de uma lágrima;
vazio enjaulado na solidão eterna
das tristes fotos ovais que atestam
(como se preciso fosse) o morto que ali está...
Morto que sempre estivera naqueles olhos baços
adivinhando o esquecimento, bem antes da partida.













