Mensagens trocadas entre Roberto Augusto Leme da Silva, conhecido como Beto Louco, e um motorista particular de Brasília mostram como o empresário presenteou com canetas de Mounjaro o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), atual presidente do Senado Federal.
Roberto Leme é um empresário investigado pela Polícia Federal como líder de um esquema de fraude em combustíveis e lavagem de dinheiro e está foragido após ser alvo das operações Carbono Oculto, Tank e Quasar esteve em Avaré, sua cidade natal, para intermediar compras de Usinas de álcool.
Uma das suspeitas é a ligação de postos de gasolina investigados com o PCC (Primeiro Comando da Capital).
Para conseguir uma caneta do medicamento naquele mês de agosto de 2024 era necessário obtê-lo no mercado paralelo, quase sempre de pessoas com viagens frequentes para o exterior ou então de intermediários aqui no Brasil. O valor para um mês de tratamento girava à época na casa de R$ 15 mil.
Um dia antes das conversas às quais o UOL obteve acesso, dia 5 de agosto, é a data de aniversário de Antonio Rueda, presidente do União Brasil, partido de Alcolumbre. Um almoço numa casa de Rueda no Lago Sul de Brasília para comemorar seu aniversário de 49 anos teve a presença de Alcolumbre e Beto Louco.
No encontro, segundo relato feito ao UOL, Alcolumbre —que, conforme registros do Senado, estava em Brasília naquela semana de agosto — dividiu com os convivas a dificuldade dele e de colegas senadores em adquirir no Brasil as canetas de Mounjaro.
Como resposta, ouviu do empresário que havia uma mulher, de nome Franciele, com capacidade para fornecimento imediato por causa de viagens periódicas para Dubai, nos Emirados Árabes.
Promessa de Beto Loco
Beto Louco prometeu ao senador arrumar algumas canetas com esse contato em São Paulo e entregá-las rapidamente em Brasília.
O motorista então entrou em campo. Ainda no início da tarde do dia 6 de agosto, como mostram as mensagens, Beto Louco, que também estava na capital de acordo com depoimento do motorista, avisa que precisará dos seus serviços para a entrega de um "medicamento" que chegaria em Brasília com uma pessoa de confiança do empresário em um voo comercial.
Pouco depois, após algumas trocas de mensagens, o motorista indica ter um certo nível de familiaridade com o senador Alcolumbre. "É para o Davi?", envia ele às 17h21, para em seguida afirmar que conhece o motorista do senador.
Horas depois eles voltam a falar do tema e as mensagens mostram que a missão do motorista fora concluída com sucesso.
Às 22h41, o motorista a serviço de Beto Louco encaminha para o empresário uma mensagem recebida de Janduí Nunes Bezerra Filho, então motorista pessoal de Alcolumbre e atual auxiliar parlamentar sênior em seu gabinete, com salário bruto de R$ 14,5 mil.
Janduí está lotado em cargos comissionados no gabinete de Alcolumbre desde 2015 e é apontado como pessoa de confiança do senador amapaense.
Troca de mensagens
"Fala pra ele que tá entregue, tá tudo ok. O senador já tá até sabendo, já falei com ele aqui. Dei um jeito de falar com ele aqui que recebi, já tá entregue", disse Janduí na mensagem de áudio obtida pelo UOL.
Quatro minutos depois, às 22h45, Beto Louco agradece ao motorista particular. "Muito obrigado, meu amigo. Bom descanso, abração". O motorista com quem o empresário conversa, e responsável pela entrega do medicamento, não será identificado, neste momento, a pedido dele.(Com informações do Portal UOL)













