Em um pronunciamento oficial feito na última semana, o secretário da Educação de Avaré, César Oliveira, voltou a reclamar das críticas que recebe a frente da pasta. Não é a primeira vez que o secretário reclama publicamente das críticas, em outras oportunidades ele gravou vídeo junto ao prefeito e respondeu a acusações. Dessa vez, o secretário denunciou uma suposta militância política em manifestações feitas por professores e sindicatos na Câmara.
César rebate as críticas a respeito dos salários das ADIs, que realmente estão abaixo do piso nacional do magistério. Nas últimas semanas, em duas oportunidades, professores e membros da APEOESP estiveram na Câmara para protestar quando a desvalorização da categoria e descumprimento do piso, de forma legítima e pacífica, o que não foi aceito pelo secretário. Mesmo reconhecendo que a defasagem dos salários realmente existe, disse que a gestão irá aguardar decisão judicial para garantir o reajuste aos profissionais.
Ou seja, o problema existe e as ADIs seguem ganhando abaixo do piso, mas o secretário não aceita questionamentos. Para ele, somente o Sindicato dos Servidores Municipais teria a prerrogativa de representar esses profissionais e, portanto a ação da APEOESP seria motivada por política. Porém, as duas interpretações são equivocadas, tanto as manifestações dos professores e professoras são legítimas, e devem ser garantidas sem censura ou pressão do Poder Público, quanto a atuação do sindicato é constitucional e representa filiados do sistema básico municipal de ensino.
Em outros momentos, polêmicas da Secretaria da Educação também foram respondidas da mesma forma. Há alguns meses, quando a reforma da Escola Maneco Dionísio foi anunciada a poucos dias do retorno letivo, o secretário respondeu as críticas em vídeo, acompanhado do prefeito e de vereadores. O mesmo ocorreu no caso das merendes, e sempre acompanhado de um tom duro e discurso agressivo contra quem criticava a gestão.
Outra das críticas do Secretário aos manifestantes foi a de que falta diálogo e os protestos seriam apenas para afetar a imagem da gestão municipal. De certa maneira, faltou diálogo mesmo, para que as medidas adotadas pela pasta (reforma no Maneco e troca de empresa da Merenda) fossem compreendidas pela população e transparentes. Para evitar ser criticado e cobrado, o secretário tem mesmo de ter diálogo com os profissionais, mesmo os da Oposição, e reconhecer o direito a opinião de todos os cidadãos.
O secretário erra ao atacar quem critica as medidas do Governo, mesmo que por motivação política. Sobretudo na Educação, onde a gestão de pretende democrática, a opinião de profissionais e cidadãos deve ser levada em consideração sempre que mudanças sejam feitas. O sindicato é um órgão político em sua essência e existe uma justificativa para que ele seja assim, todas as decisões na Administração Pública são políticas. Reclamar das críticas e deslegitimar manifestações é uma forma de negar isso ao povo.
*Por João Nicolau













