O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deu vários sinais de que deixará a pasta em abril do ano que vem. Isso ficou telegrafado na entrevista concedida ao Estadão nesta quinta-feira. Haddad está mais à vontade nesta reta final no cargo, a ponto de dizer que já entregou a Lula tudo que ele encomendou, trocar afagos com o Partido dos Trabalhadores (PT) e cobrar elogios em ata do Banco Central sobre a sua política fiscal.
O futuro do ministro, contudo, permanece em aberto. Haddad poderia cumprir a missão de Lula de concorrer a uma vaga no Senado ou ao governo de São Paulo. Teria um papel estratégico do ponto de vista nacional, fortalecendo o palanque do presidente no maior colégio eleitoral no País, mas estaria sob o risco de sofrer uma nova derrota nas urnas, depois de já ter sido derrotado nos pleitos de 2018 (para a Presidência) e 2022 (para o governo do Estado).
Haddad também poderia coordenar a campanha de Lula ou o programa de governo, como já sugeriu o próprio ministro. O seu caminho pessoal preferido seria um tempo de respiro da política, voltando ao meio acadêmico em alguma universidade fora do Brasil. Mas esse é o cenário menos provável, porque implicaria recusar um convite de Lula. E Lula tem em Haddad um de seus quadros mais próximos, a ponto de poder indicá-lo sucessor em caso de vitória no ano que vem.
Na Fazenda, o caminho mais natural seria a efetivação do secretário executivo do ministério, Dario Durigan - uma pessoa não só de confiança de Haddad, mas que evitaria uma guinada brusca de direção no que seria um mandato “tampão” até dezembro. Haddad também poderia continuar exercendo influência sobre a política econômica, mesmo que longe do ministério.
A grande incógnita - e o maior risco - é o que seria a política econômica de um eventual governo Lula 4. Difícil imaginar um cenário em que Durigan seja efetivado no cargo, a menos que Haddad ganhe um posto como a Casa Civil e, na prática, acumule funções, já pensando nas eleições de 2030.
De um lado, Haddad reconhece que a política fiscal ainda precisa de ajustes. Mas, de outro, não consegue dar um indicativo de como resolver o problema, já que todas as saídas implicam forte desgaste político e vão de encontro ao que pensam Lula e o Partido dos Trabalhadores.(Do Estado e SP)













