Crianças no espectro autista têm formas únicas de perceber o mundo, aprender e se relacionar com o ambiente ao redor. Dentro desse cenário, a atividade física aparece como uma ferramenta valiosa de qualidade de vida, não por prometer cura ou mudança comportamental, mas por representar um espaço rico de experiências sensoriais, motoras e sociais.
Ao se movimentar, a criança explora seu corpo, reconhece limites, descobre novas possibilidades e desenvolve habilidades que fazem parte do seu cotidiano. Caminhar, brincar, correr, pular corda, dançar ou simplesmente participar de uma atividade estruturada cria oportunidades naturais de organização corporal e participação social.
Além disso, o movimento auxilia na rotina. Muitas famílias percebem que, quando a criança tem um momento de atividade física dentro do seu dia, ela tende a ficar mais regulada, mais engajada e com uma sensação maior de bem-estar. Não é uma regra, não é uma exigência, mas sim uma possibilidade que respeita a individualidade de cada criança.
Outro ponto importante é que a atividade física pode ser um canal de conexão entre família e criança. Quando os pais participam, mesmo que por poucos minutos, o movimento vira vínculo, presença, troca e acolhimento.
No fim, a atividade física não deve ser vista como obrigação, mas como um caminho simples, acessível e adaptável, que pode contribuir positivamente para o desenvolvimento global das crianças, com ou sem autismo. O importante é respeitar ritmos, preferências e limites, entendendo que cada pequena conquista faz parte de um processo maior de crescimento e participação no mundo.
Sobre a colunista
Marcela Fernanda de Andrade é pós-graduada em Neurociência, Transtorno do Espectro Autista (TEA), Educação Especial e Inclusiva, com capacitação em TEA pela Universidade de Harvard. Mãe atípica, é estudante de Fonoaudiologia e mestranda em Distúrbios da Fala e Comunicação Humana.
Instagram: @neurofono_marcelaandrade
Atenção: Esta é uma coluna informativa, baseada em observações gerais e conhecimento público. Em caso de dúvidas ou necessidades específicas, procure sempre um profissional qualificado.













