Os produtores de soja dos Estados Unidos estão próximos de um “precipício comercial e financeiro” e não conseguem sobreviver a uma guerra comercial prolongada com a China. Esse é o alerta de Caleb Ragland, presidente da American Soybean Association (Associação Americana de Soja, que representa 21 mil produtores). Segundo a entidade, as tarifas de Donald Trump deixaram a soja americana 20% mais cara do que a brasileira, e a China agora recorre aos grãos do Brasil, que expandiu a produção, para atender a demanda.
Em carta enviada ao presidente republicano na terça-feira, Regland pediu ao governo que chegasse a um acordo com a China para remover as tarifas e, se possível, incluir compras significativas de soja.
“Quanto mais avançamos no outono sem um acordo com a China sobre a soja, piores serão os impactos”, disse ele. “À medida que você e sua equipe negociam com a China, pedimos que priorizem a soja.”
O impacto sobre os agricultores tem sido tão grande que as vendas dos EUA para outros países não conseguem compensar a lacuna deixada pelos chineses.
“Os produtores de soja dos EUA não conseguem sobreviver a uma disputa comercial prolongada com nosso maior cliente”, disse ele. “Os produtores estão sob estresse financeiro extremo. Os preços continuam caindo e, ao mesmo tempo, nossos agricultores estão pagando muito mais por insumos e equipamentos.”
A China ainda não comprou sequer uma carga de soja da próxima safra, que começa em setembro. Em anos típicos, o país asiático encomendava, em média, 14% de suas compras estimadas dos EUA antes do início da colheita, segundo uma análise do grupo enviada ao governo junto com a carta.(Do Globo)
