Poesia
SINFONIA DE SILÊNCIOS
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Santos Peres
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Desce a sombra solta
da ave de rapina
sobre o denso canavial;
lá donde um rio se encastela
entre pedras derramadas
para cair em véu de cascata.
A ave embica e abarca
os costados daquela terra lavrada
em sinfonia pelas folhas afiadas;
há um homem no recorte do canavial:
deslizando em tom menor
o teclado verde das canas...
O lavrador semeia o chão
como quem prepara no silêncio
a sua cova como derradeira cama.













