Por: Marcela Fernanda de Andrade
O autismo, ou Transtorno do Espectro Autista (TEA), é uma condição que faz parte do neurodesenvolvimento e afeta a forma como a pessoa percebe o mundo, se comunica e interage socialmente. Diferente de uma doença, o autismo é uma maneira única de funcionamento cerebral — uma forma distinta de processar informações, expressar emoções e se relacionar com o ambiente.
O termo “espectro” é utilizado justamente por representar a diversidade existente dentro do autismo. Há pessoas autistas que possuem fala fluente, estudam, trabalham e têm vida independente. Outras, porém, necessitam de suporte mais intenso para lidar com a comunicação, as interações sociais e o comportamento. Nenhuma dessas formas é “melhor” ou “pior” — são apenas diferentes expressões de um mesmo espectro.
Compreender o autismo é um passo essencial para construir uma sociedade mais empática e inclusiva. Cada pessoa autista possui potenciais e talentos únicos, e o papel da família, da escola e dos profissionais é justamente favorecer o desenvolvimento dessas habilidades, respeitando o ritmo e a individualidade de cada um.
O diagnóstico precoce é um dos fatores mais importantes para o progresso da criança. Quando identificado ainda nos primeiros anos de vida, é possível iniciar intervenções que estimulem a comunicação, a autonomia e as habilidades sociais. No entanto, o diagnóstico é apenas o começo: o que realmente transforma a trajetória da criança é o trabalho conjunto entre família, escola e profissionais especializados.
É igualmente importante destacar que o autismo não é algo que “precisa ser curado”. O foco deve estar na aceitação, no acolhimento e na inclusão. A sociedade ainda precisa aprender a conviver com a neurodiversidade — reconhecer que existem muitas formas de ser, sentir e aprender.
Mais do que entender o autismo, precisamos entender o ser humano por trás do diagnóstico. Cada criança, adolescente ou adulto autista tem uma história, um olhar e uma maneira singular de se comunicar com o mundo. Quando abrimos espaço para ouvir e compreender, deixamos de enxergar limitações e passamos a enxergar possibilidades.
Que essa coluna seja um convite à reflexão e ao respeito. Falar sobre autismo é falar sobre amor, empatia e, acima de tudo, humanidade.
Sobre a colunista
Marcela Fernanda de Andrade é pós-graduada em Neurociência, Transtorno do Espectro Autista (TEA), Educação Especial e Inclusiva, com Capacitação em TEA pela Universidade de Harvard. É mãe atípica, Mestranda em Distúrbios da Fala, Linguagem e Comunicação Humana. Dedica-se à divulgação científica e à conscientização sobre o autismo, promovendo conhecimento e acolhimento para famílias e profissionais.
Instagram: @neurofono_marcelaandrade













