• A sociedade refém da tecnologia

    3574 Jornal A Bigorna 03/01/2018 19:38:00

    Por Assis Chateaubriand - O esfacelamento das famílias, o abalo da nossa economia, a paralização de nossos sistemas políticos, o espedaçar dos nossos valores. Assim não admira que as pessoas estejam confusas e desistam de compreender o seu mundo, diz o sociólogo Alvin Toffler.

    Tudo isso vem gerando gradativamente a desumanização dos elos pessoais. As pessoas de hoje são mais conectadas e menos antenadas em sua própria vida. Vivem num mundo on-line e se esquecem de que estão vivas para serem mais do que são; se autoanulam, se transformando numa manada que vive em razão de si, mas distante do contato humano.

    Viver deixou de ser algo como ter amizades pessoais fortes, laços afetuosos. Viver tornou-se um ambiente onde todos estão juntos e ao mesmo tempo extremamente separados; apenas as redes sociais são, hoje, o aparato de ligação entre as pessoas, uma vivência supérflua, uma amizade sem conteúdo.

    As crianças da ‘atualidade moderna’ não tem mais infância; estão imersos na tecnologia - o smartfhone - é a real vida delas. Aos poucos a interação familiar vai sendo dizimada, cada qual em seu canto, dentro da mesma casa, mas distantes entre si.

    As famílias do futuro já existem. São superconectadas, o que levará, dentro em breve, a ruptura familiar. Ao invés de utilizarmos a tecnologia a nosso favor, na verdade, estamos nos tornando reféns da própria tecnologia, que afasta as pessoas uma das outras, criando amigos milhares de amigos virtuais e poucos amigos presentes em nossas vidas.

    O que deveríamos ter como assessórios se tornaram uma ramificação da vivência atual. Tudo tem que estar nas redes sociais. Com um detalhe: apenas os momentos bons. Escondemos os momentos ruins, porque precisamos usar uma máscara de felicidade, mesmo que seja falsa, o importante são as curtidas.

    Somos uma sociedade classificatória e injusta, nos rotulamos de ricos ou miseráveis, intelectuais ou iletrados, celebridades ou anônimos, ‘normais’ ou insanos. No fundo a sociedade está doente e não sabemos.

    O que será do futuro com tantas vidas ligadas em um aparelho e desligada da sociedade, ainda é um dilema a ser descoberto.

    Enquanto isso, o futuro voa a velocidade da luz, e o ser-humano caminha cada vez mais para dentro deste furacão que desconhece completamente.

    Chatô é escritor

     

     

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