
Por Assis Chateaubriand - O sociólogo Zygmunt Bauman em seu livro "A Arte da Vida", nos mostra os contornos do que é uma cidade.
Para Bauman, a cidade é o lugar do encontro, da mistura, do novo, da efervescência, é o lugar onde tudo e todos se encontram mesmo sem querer se encontrar, é o lugar onde estar com quem não se conhece é um pressuposto; é um termo aceito tacitamente e, por isso, ela é um espaço mixofílico (que promove a mistura, que faz da mistura um gosto aceitável e aprovável). No entanto, a sujeira precisa ser limpa. É na cidade onde se podem encontrar os resultados da exclusão: os mendigos, as favelas e seus moradores, todos estes estranhos são seres que provocam o desprezo e a repulsa dos cidadãos ditos normais.
Não longe disto, nossa humilde Avaré ainda carece de um trabalho social que tenha efeito a curto e, claro, dando continuidade, em longo prazo. Infelizmente, os excluídos pela própria sociedade acabam virando um problema para o Poder Público. Mas o próprio Poder Público, sem querer ser redundante, não consegue resolver o crônico problema: a miséria que impera em nosso País.
Não só o Poder é culpado pela exclusão, e, consequentemente, pobreza. Para se ter um cenário, digamos perto aqui de nós, basta caminharmos pela cidade. Os excluídos estão por toda a parte, e, pior, a cada dia mais e mais aumentando. Muitos são excluídos pela própria miséria, outros por doenças como alcoolismo, enquanto, muitos outros perambulam pelas praças da cidade - são os excluídos pela própria sociedade.
Quando não estão no centro da cidade, estão em praças públicas. Nesta semana, caminhando, notei só no Largo Santa Cruz mais de dez deles reunidos.
É premente e urgente que as autoridades tomem providências. Não digo expulsar ninguém, mas sim, agir com assistência social. Outro dia, vi um internauta dizendo que uma senhora de idade, ao sair da missa na Igreja Nossa Senhora das Dores foi abordada por uma jovem pedinte, que chegou a importunar a idosa. Isso não se pode admitir. Ser pobre não é crime, mas fazer-se valer de ameaças para conseguir dinheiro, não pode ser tolerado.
Destarte, a secretaria de Assistência Social, não mostra seu trabalho nesta área. A consequência será cada vez mais pedintes zanzando pelas praças. Os mais pacíficos não criam problemas de ordem de segurança ou ameaça a vida de outros, mas existem sim os violentos; estes devem ser tratados com mais rigor, não sem antes passarem por uma assistência social capaz de, ao menos, tentar um trabalho junto a eles.
Nunca havia notado tantos andarilhos e pedintes pelas nossas praças. Isso é sinal de omissão dos poderes e da pobreza que assola nosso imenso País.
As autoridades constroem a cada dia, mais e mais presídios, e se esquecem de que educação e assistência social são pilares para que a pobreza diminua.
Chatô é escritor