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    Entenda em 12 pontos o que os ministros de Bolsonaro disseram durante reunião com trama golpista

    665 Jornal A Bigorna 09/02/2024 21:10:00

    A reunião realizada no dia 5 de julho de 2022, no Palácio do Planalto, na qual Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados discutiram o que a Polícia Federal classifica como uma "dinâmica golpista" teve falas de nove pessoas, entre ministros, militares e políticos, além do próprio ex-presidente.

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    No encontro, tomaram a palavra os seguintes aliados:

     

    Filipe Barros, deputado federal (PL-PR)

    Anderson Torres (Justiça e Segurança Pública)

    Walter Braga Netto (Casa Civil)

    Célio Faria Junior (Secretaria de Governo)

    Paulo Sérgio Oliveira (Defesa)

    Bruno Bianco (AGU)

    Wagner Rosário (CGU)

    Mario Fernandes (assessor da Secretaria-Geral da Presidência da República)

    Augusto Heleno (GSI)

    Veja, ponto a ponto, alguns trechos mais relevantes.

    1 - Abin

    A última fala da reunião é de Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. De acordo com a PF, ele afirma que conversou com um diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para “infiltrar agentes nas campanhas eleitorais, mas adverte do risco de se identificarem os agentes infiltrados”.

    — Já conversei ontem com o Victor, novo diretor da Abin, e vamos montar um esquema para acompanhar (o que) os dois lados estão fazendo. O problema todo disso é se vazar... se houver qualquer acusação de infiltração desse elemento da Abin em qualquer lugar — afirmou o general.

    Nesse momento, o então presidente Jair Bolsonaro interrompe o general e pede para que "conversem em particular" sobre o tema.

    2 - VAR nas eleições

    Heleno, então, prossegue o discurso afirmando que não tem VAR nas eleições e que “o que tiver que ser feito, tem que ser feito antes”.

    — Se tiver que dar soco na mesa, é antes das eleições. Se tiver que virar a mesa, é antes das eleições. Depois, será muito difícil que tenhamos uma nova perspectiva. Até porque eles vão fazer tão bem feito que essa conversa do Fachin com os embaixadores foi exatamente para que elimine a possibilidade do VAR acontecer. No dia seguinte, todo mundo reconhece e fim de papo. E vai chegar a um ponto que não vamos poder mais falar. Vamos ter que agir. Agir contra determinar instituições e determinadas pessoas.

    3 - ‘Vamos nos foder’

    Ao começo da reunião, Anderson Torres afirmou que o grupo iria "se foder" em caso de uma vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que o cenário era "ameaçador".

     

    — Tem muitos aqui que eu não sei nem se têm estrutura pra ouvir o que a gente está falando aqui. Com todo o respeito a todos. Mas eu queria começar por uma frase que o presidente colocou aqui, que eu acho muito verdadeira. E o exemplo da Bolívia é o grande exemplo pra todos nós. Senhores, todos vamos se foder! (sic) Eu quero deixar bem claro isso. Porque se...Eu não estou dizendo que...Eu quero que cada um pense no que pode fazer previamente porque todos vamos se foder (sic). Não tenho dúvida disso”

    4 - ‘Atuar agora’

    Titular da Justiça e Segurança Pública, Torres também defende que é preciso agir antes das eleições.

    — A gente precisa atuar agora. Não estou desrespeitando poder nenhum, não quero atropelar ninguém. O outro lado joga muito pesado, senhores. Essa consciência, tem que ter. É o momento de entender o que está sendo colocado aqui, o que vai acontecer com a gente nos próximos meses. A pressão está cada dia maior.

    5 - ‘Inimigo’

    O general Paulo Sérgio Oliveira também pediu a palavra e fez um longo discurso. Ele explicou a atuação das Forças Armadas durante a Comissão de Transparência das Eleições (CTE), criada em 2021 pelo TSE, e afirmou que estava “na linha de contato com o inimigo”.

    — O que eu sigo nesse momento é apenas na linha de contato com o inimigo. Ou seja, na guerra, tem a linha de contato, linha de partida, vou romper aqui e iniciar a minha operação. Eu vejo as Forças Armadas e o Ministério da Defesa nessa linha de contato. Nós temos que intensificar e ajudar nesse sentido para que a gente não fique sozinho no processo — afirmou.

    6 - ‘Entre a gente’

    Oliveira ainda defendeu que as conversas realizadas na reunião não deveriam ser vazadas.

    — Esses comentários, penso que fiquem entre a gente. Fico muito cioso pq não é uma reunião aberta e as ações têm que ser firmes. O TSE tem o controle do processo. Decide e não tem instância superior. A gente fica de mãos atadas dele (TSE) aceitar isso ou aquilo. Vou falar e muito claro: a comissão é para Inês ver. Nunca sentou numa mesa e discutiu uma proposta. É retórica, discurso, ataque à democracia. E eles fazem o que tem que ser feito. Algumas reuniões são só conversa pra boi dormir. Que fique bem claro isso.

    7 - ‘Sonho de reeleger o senhor’

    O general também afirmou que estava trabalhando com os “comandantes das Forças” para organizar um esquema de fiscalização das urnas.

    — Não vão deixar a gente por a mão na máquina, mas vamos estar do lado da máquina. Por exemplo, quando forem lacrar o sistema. Nessa hora, vamos exigir um teste de integridade, por exemplo. Se ele se negar a fazer o teste, vou ficar duvidando mais ainda, registrar, tornar público em ata para que a gente possa fiscalizar todo o processo (...). Agora, vamos ter sucesso, resultado, transparência, segurança? Uma condição de dizer que é mínima chance de fraude ou é grande a chance de fraude? Estou realizando reuniões com comandantes das Forças quase semanalmente. Trabalhamos para ver que ações poderão ser tomadas para que a gente possa ter transparência, segurança, condições de auditoria e que as eleições transcorrem da forma como a gente sonha e que tenhamos êxito de reeleger o senhor, esse é o desejo de todos nós.

    8 - ‘Prazo’

    De acordo com a Polícia Federal, o general Mário Fernandes, assessor da Secretaria-Geral da Presidência da República, defendeu a necessidade de cobrar um prazo para que o TSE autorize o acompanhamento das eleições pelos três Poderes. Ainda segundo a denúncia, o militar propõe o que ele chama de "uma alternativa se isso não acontecer nesse prazo".

    — Temos que ter um prazo para isso acontecer por parte do TSE e uma previsão, de uma próxima reunião, de alternativas para se isso não acontecer nesse prazo. Eles têm sido muito hábeis de trocar espaço por tempo. Daqui a pouco estamos nas vésperas do primeiro turno. E aí tem pressão internacional, a liberdade de ação do senhor e do governo vai ser bem menor, a população vai começar a acreditar: “Não, então tá tranquilo, o governo não tomou a medida mais radical, então tá, tranquilo”.

    9 - ‘É 64 de novo?’

    Fernando ainda afirmou que tem que “acontecer antes, como nós queremos”.

    — É preciso ter um prazo (...) para que uma alternativa seja tomada antes que aconteça (as eleições). No momento que acontecer, o que vai… É 64 de novo? É uma junta de governo? É um governo militar? É um atraso de tudo que se avançou no país? Isso que vai acontecer. Tem que ser antes, tem que acontecer antes, como nós queremos, dentro de um estado de normalidade. Mas é muito melhor assumir um pequeno risco de conturbar o país pensando assim, para que aconteça antes, do que assumir um risco muito maior da conturbação no 'the day after', né? Quando a fotografia lá for de quem a fraude determinar.

    10 - 'Essa reunião tá sendo gravada?'

    Durante a fala de Wagner Rosário, o então chefe da Controladoria-Geral da União afirmou que o órgão não tinha competência técnica para participar da Comissão de Transparência das Eleições (CTE) e pediu apoio da Polícia Federal e das Forças Armadas num trabalho em conjunto. Em certo momento, perguntou:

    — Essa reunião está sendo gravada?

    O então presidente Jair Bolsonaro afirmou que pediu para gravar só sua fala. E houve o seguinte diálogo:

    — O TCU já soltou o relatório dizendo as urnas são seguras — disse Rosário.

    — Qual foi o ministro desse relatório? — respondeu Bolsonaro.

    — Bruno Dantas — devolveu o titular da CGU.

    — Olhem pra minha cara, por favor. Todo mundo olhou pra minha cara? Acho que não tem bobo aqui. Pô, mais claro do que tá aí? Mais claro ... impossível! Eu acredito que essa proposta de cada um da Comissão de Transparência Eleitoral tem que ... quem responde pela CGU vai, quem responde pelas Forças Armadas aqui... é botar algo escrito, tá? Pedir à OAB. A OAB vai dar credibilidade pra gente, tá? Uma nota conjunta com vocês, com vocês todos, que até o presente momento dadas as condições de se definir a lisura das eleições são simplesmente impossíveis de serem atingidas. E o pessoal assina embaixo — disse Bolsonaro.

    11 - 'Mostrar para o mundo'

    Em sua participação, o ex-advogado-geral da União Bruno Bianco defendeu que Bolsonaro estava "corretíssimo com relação à reunião com embaixadores".

    — O senhor também está correto em mostrar para o mundo, como chefe de Estado, a sua postura.

     

    12 - 'Auditoria não muda'

    O encontro também teve pequenas participações do deputado Filipe Barros, de Braga Netto e de Célio Faria Junior.

    O então candidato a vice-presidente afirmou que havia "acabado de sair" uma notícia a respeito do ministro Edson Fachin, que ocupava a presidência do TSE.

    — Saiu uma notícia agora do Fachin dizendo que a auditoria não muda resultado da eleição, não sei se o senhor viu isso — informou Netto.

    A notícia era de quatro dias antes, do discurso de Fachin no encerramento do semestre da Corte Eleitoral.

    — Auditar trata-se de auditar os meios, instrumentos e procedimentos, e não veículo de uma preposição aberta direcionada aprioristicamente a rejeitar o resultado das urnas que por ventura retrate que a vontade do povo brasileiro é oposta aos interesses pessoais de um ou de outro candidato — disse Fachin na ocasião.

    A fala de Braga Netto foi comentada por Célio Faria Junior durante a reunião:

    — Foi aquilo que o presidente falou. Depois que acontecer, auditoria não muda.

    Já Filipe Barros foi o primeiro a falar depois do presidente Bolsonaro. Ele acusou um servidor do Tribunal Superior Eleitoral de demorar a entregar dados do sistema de votação depois de um suposto ataque hacker.(Do Globo)

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