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    Nova pesquisa sugere quatro fatores que podem aumentar os riscos de covid longa

    2111 Jornal A Bigorna 31/01/2022 07:00:00

    Um dos muitos mistérios sobre a covid longa é: quem está mais propenso a desenvolvê-la? Algumas pessoas são mais propensas do que outras a sofrer os sintomas físicos, neurológicos ou cognitivos que podem surgir ou permanecer meses após a eliminação de suas infecções por coronavírus?

    Agora, uma equipe de pesquisadores que acompanhou mais de 200 pacientes por dois a três meses após o diagnóstico de covid relatou ter identificado fatores biológicos que podem ajudar a prever se uma pessoa desenvolverá covid longa.

    O estudo, publicado na terça-feira pela revista Cell, encontrou quatro fatores que podem ser identificados no início da infecção por coronavírus e que parecem se correlacionar com o aumento do risco de sintomas duradouros semanas depois.

    Avanço da covid

    Os pesquisadores disseram que descobriram que há uma associação entre esses fatores e a covid longa (que atende pelo nome médico de sequelas agudas pós-covid-19, ou PASC, na sigla em inglês), independentemente de a infecção inicial ser grave ou leve. Eles disseram que as descobertas podem sugerir maneiras de prevenir ou tratar alguns casos de covid longa, incluindo a possibilidade de administrar medicamentos antivirais às pessoas logo após o diagnóstico de infecção.

    “É a primeira tentativa realmente sólida de criar alguns mecanismos biológicos para enfrentar a covid longa”, disse o Dr. Steven Deeks, professor de medicina da Universidade da Califórnia, em São Francisco, que não esteve envolvido no estudo. Ele e outros especialistas, juntamente com os autores do estudo, alertaram que as descobertas são exploratórias e precisariam ser verificadas por mais pesquisas.

    Ainda assim, Deeks disse: “Eles identificaram esses quatro fatores principais. Cada um é biologicamente plausível, consistente com as teorias que outras pessoas estão formulando e, mais importante, cada um é acionável. Se esses caminhos forem confirmados, nós, como clínicos, poderemos realmente projetar intervenções para ajudar as pessoas. A mensagem é esta”.

    Um dos quatro fatores identificados pelos pesquisadores é o nível de RNA de coronavírus no sangue no início da infecção, um indicador de carga viral. Outro é a presença de certos autoanticorpos – anticorpos que atacam erroneamente os tecidos do corpo, como fazem em condições como lúpus e artrite reumatoide. Um terceiro fator é a reativação do vírus Epstein-Barr, um vírus que infecta a maioria das pessoas, geralmente quando jovens, e depois geralmente fica inativo.

    O último fator é ter diabetes tipo 2, embora os pesquisadores e outros especialistas tenham dito que, em estudos envolvendo um número maior de pacientes, pode ser que o diabetes seja apenas uma das várias condições médicas que aumentam o risco de covid longa.

    “Acho que esta pesquisa enfatiza a importância de fazer medições logo no início do curso da doença para descobrir como tratar os pacientes, mesmo que ainda não saibamos como usar todas essas informações”, disse Jim Heath, diretor investigador do estudo e presidente do Instituto de Biologia de Sistemas, uma organização de pesquisa biomédica sem fins lucrativos em Seattle.

    “Quando você consegue mensurar algo, então você pode começar a fazer algo a respeito”, disse Heath, acrescentando: “Fizemos essa análise porque sabemos que os pacientes procuram os médicos dizendo que estão cansados o tempo todo, e os médico só dizem para eles dormirem mais. Não é uma coisa muito útil. Então, queríamos realmente ter uma maneira de quantificar e dizer que realmente há de errado com esses pacientes”.

    Ele disse que, antes da covid, tinha uma capacidade espontânea de visualizar cores específicas a partir de certos alimentos – rosa quando polvilhava pimenta, azul com um tipo de licor – mas agora está triste por ter perdido essas conexões automáticas.

    Gillotte disse que não tem diabetes e não sabia se tinha os outros três fatores, porque os pesquisadores disseram que o protocolo do estudo os impedia de divulgar dados sobre os participantes.

    Heath, no entanto, observou que Gillotte fora reinfectado com o coronavírus em outubro de 2020, o que pode refletir uma teoria que surgiu de seu estudo: pacientes com níveis mais altos de autoanticorpos têm níveis mais baixos de anticorpos protetores contra o coronavírus, o que possivelmente os deixa mais vulneráveis à reinfecção.

    Deeks disse que níveis mais baixos de anticorpos protetores também podem ser um caminho que leva a sintomas de longo prazo. “Se você não tem uma boa resposta de anticorpos, não elimina o vírus; você tem mais vírus por aí, e isso leva a uma covid mais longa”, disse ele.

    Ainda assim, Heath disse que, no geral, a pesquisa mostrou que os quatro fatores biológicos se cruzaram e se sobrepuseram, sugerindo que pode haver maneiras relativamente diretas de prevenir a covid longa desde o início. Meses depois, “todos esses sintomas vagos ficam muito difíceis de rastrear, porque você meio que perdeu essa informação. Mas se você olhar para trás, para quando esses sintomas são acionados pela primeira vez, parece que o quadro fica gerenciável”.(Do Estado)

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