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    918 Jornal A Bigorna 22/08/2022 09:50:00

    Palanque do Zé

    Com as recentes investidas do Estado, dos grandes grupos de mídia e das grandes corporações proprietárias de redes sociais visando a classificação daquilo que é Fake News ou não, numa clara violação dos direitos individuais e manipulação da verdade em prol da criação de uma narrativa que busca a manutenção de alguns no poder a nível mundial, decidi por indicar na coluna de hoje, a leitura do livro “1984”.

    Falaremos sobre ele mais adiante, mas antes preciso falar sobre Eric Arthur Blair, mais conhecido como George Orwell, o autor da referida obra.

    Nascido em Motihari, na então Índia Britânica, aos 25 de junho de 1903 e falecido em Camden, Londres, Reino Unido aos 21 de janeiro de 1950), foi um escritor, jornalista e ensaísta político.

    Sua obra é marcada por uma inteligência perspicaz e intensa oposição ao totalitarismo. Considerado por muitos como o melhor cronista da cultura inglesa do século XX, Orwell escreveu muitas resenhas, ficção, artigos jornalísticos polêmicos, críticas literárias e poesia, mas se tornou conhecido mesmo, pelo romance “1984”, do qual falaremos aqui, e pelo excelente “A Revolução dos Bichos”, que também recomendo a leitura.

    Juntas, as referidas obras venderam mais cópias do que os dois livros mais vendidos de qualquer outro escritor do século XX. Orwell foi tão importante para a cultura inglesa, que no ano de 2008, o The Times classificou-o em segundo lugar em uma lista de “Os 50 maiores escritores britânicos desde 1945”.

    Agora que você já sabe da importância do Autor, podemos seguir adiante com aquela que considero a sua principal obra: “1984”.

    “Mil Novecentos e Oitenta e Quatro”, muitas vezes publicado apenas como “1984”, é um romance distópico  ambientado na “Pista de Pouso Número 1”, onde antes se localizava a Grã-Bretanha.

    A Pista de Pouso Número 1 é uma província do superestado da Oceania, e faz parte de um mundo onde a guerra é perpétua, a vigilância governamental se faz onipresente e a manipulação pública e histórica dos fatos são apenas duas das mais diversas ferramentas que o Estado usa para controlar seus cidadãos.

    Não bastasse essa já terrível realidade, do regime denominado “Socialismo Inglês”, o Governo ainda cria a “novilíngua”, uma nova língua que tem por objetivo banir certos termos ou modos de tratamento e referência.

    A política do Partido Interno, que comanda tudo e todos,  é perseguir o individualismo e a liberdade de expressão classificando a totalidade das coisas como “crime de pensamento”, motivo pelo qual criaram a “Polícia do Pensamento”.

    Toda essa tirania é supervisionada pelo “Big Brother” ou “Grande Irmão”, em português. Ele é o líder do Partido Interno e todos são obrigados a cultuar sua personalidade, mas não sabem se ele existe ou não de fato.

    O protagonista da história, Winston Smith, trabalha para o Ministério da Verdade, que é responsável pela propaganda e pelo revisionismo histórico. Sua missão é reescrever artigos de jornais antigos, de modo a fazer com que o registro histórico sempre apoie a ideologia do partido.

    Grande parte do trabalho do Ministério em que Winston atua consiste em destruir os documentos que não foram editados ou revisados para que não existam provas de que o governo esteja mentindo.

    Winston é um trabalhador eficiente e muito bom no que faz, mas sonha com uma rebelião contra o Grande Irmão, para que tudo volte a ser como sempre foi.

    “1984” fez tanto sucesso que muitos dos seus termos e conceitos, como “Grande Irmão”, “duplipensar”, “crime de pensamento”, “novilíngua” e “buraco da memória” entraram de vez no vocabulário popular para referências ao totalitarismo e controle social da mídia e das ideias contrárias aos poderosos.

    Da mesma forma, a obra popularizou o adjetivo “orwelliano”, que se serve a descrever o engano oficial, a vigilância secreta e a manipulação da história registrada por um Estado totalitário ou autoritário.

    Em uma carta dirigida a Francis A. Henson, membro do sindicato americano “United Auto Workers”, que é datada de 16 de junho de 1949, sete meses antes de sua morte, Orwell declarou o seguinte: “Meu romance recente (1984) foi concebido como um ataque ao socialismo e ao Partido Trabalhista Britânico e como uma mostra das perversões... que já foram parcialmente realizadas pelo comunismo. O cenário do livro é definido na Grã-Bretanha a fim de enfatizar que as raças que falam inglês não são intrinsecamente melhores do que nenhuma outra e que o totalitarismo, se não for combatido, pode triunfar em qualquer lugar.”

    Se você chegou até aqui, caro leitor, eu te agradeço imensamente por isso.  Mas tenho um último pedido a fazer: Leia e reflita sobre a história dessa obra magnífica e decida se você deseja ou não, viver em uma realidade como essa!

    É claro que a obra – assim como acontece com quase todas as expressões de arte - exagera em tudo. Mas isso não passa de um instrumento do Autor para nos facilitar a compreensão do que ele quer dizer.

    No mundo real, a “Pista de Pouso Número 1” é a Nicarágua, Rússia, Venezuela,  Afeganistão, Cuba, Irã, China, Líbia, Síria, Coreia do Norte e outros 44 países, que são considerados como sendo autoritários, de acordo com o Índice de Democracia,  do jornal The Economist.

    Talvez nesse momento você esteja pensando: “Ah, mas no Brasil isso não pode acontecer porque...”. E eu te respondo voltando a citar Orwell: “(...) o totalitarismo, se não for combatido, pode triunfar em qualquer lugar.”

    E digo mais: Não é porque alguém se diz democrata, que essa pessoa é democrática. Tampouco o Estado, os grandes grupos de mídia e as grandes corporações proprietárias de redes sociais dizerem que alguém é democrata, transformará tal pessoa num democrata. Tenha o cuidado de distinguir quem discursa democraticamente daqueles que agem democraticamente.

     

     

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