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    Palanque do Zé #213 – Qual é o legado da Rainha Elizabeth II?

    603 Jornal A Bigorna 11/09/2022 10:20:00

    “A Rainha morreu pacificamente em Balmoral esta tarde.” Foi assim que, a última quinta-feira, 08 de setembro de 2022, entrou para a história.

    A Rainha Elizabeth II viveu logos e intensos 96 anos, 70 dos quais no comando daquele que já foi “o império onde o sol jamais se põe”.

    É bem verdade que aspirações anti-monarquistas foram, aos poucos, minando o seu reino, mas jamais o seu reinado.

    Na data de seu falecimento, Elizabeth ainda era a Soberana em Antígua e Barbuda, Austrália, Bahamas, Belize, Canadá, Granada, Jamaica, Nova Zelândia, Papua-Nova Guiné, Reino Unido, São Cristóvão e Névis, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, Ilhas Salomão e Tuvalu, além de Escócia, Inglaterra, Irlanda do Norte e País de Gales, que formam o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte.

    A Rainha tinha dois únicos objetivos de vida. E estes eram servir ao seu povo e manter a Monarquia relevante para que o seu sucessor pudesse continuar o trabalho de servir ao seu povo. Se o Rei Charles III irá ou não dar conta do recado, só o tempo dirá. Mas eu creio que sim.

    Mas qual o legado deixado por Elizabeth II? Além do acima explanado, a Rainha logrou êxito em liderar seus súditos em amplos aspectos da vida. Durante seu reinado, que é sempre bom lembrar, começou no fim da Segunda Guerra Mundial, o Império Britânico passava por dificuldades, afinal nunca antes houvera tanto clamor por liberdade.

    Por mais contraditório que pudesse parecer, o brilhante trabalho que Sir Winston Churchill desenvolveu ao derrotar o Nazismo, causou problemas para a então nova Rainha, que precisou embarcar para uma longa viagem, a qual passou por países da então Comunidade Britânica, a famosa Commonwealth, ainda no ano de 1953. Dessas nações, muitas eram ex-colônias que haviam se tornado independentes.

    A atualmente conhecida como Comunidade de Nações, é uma organização intergovernamental composta por 53 países membros independentes. Todas as nações membros da organização, com exceção de Moçambique (antiga colônia do Império Português) e Ruanda (antiga colônia dos impérios Alemão e Belga), faziam parte do Império Britânico, do qual se separaram.

    Atualmente, é composta por África do Sul, Antígua e Barbuda, Austrália, Bahamas, Bangladesh, Barbados, Belize, Botswana, Brunei, Camarões, Canadá, Chipre, Dominica, Fiji, Gana, Granada, Guiana, Ilhas Salomão, Índia, Jamaica, Kiribati, Lesoto, Malásia, Malawi, Maldivas, Malta, Maurício, Moçambique, Namíbia, Nauru, Nigéria, Nova Zelândia, Papua-Nova Guiné, Paquistão, Quênia, Ruanda, Samoa, Santa Lúcia, São Cristóvão e Neves, São Vicente e Granadinas, Serra Leoa, Seicheles, Singapura, Sri Lanka, Essuatíni, Tanzânia, Trinidad e Tobago, Tuvalu, Uganda, Reino Unido, Vanuatu e Zâmbia.

    Apesar de não terem qualquer grau de subordinação para com a Rainha (ou agora, com o Rei), os Estados-membros cooperam num quadro de valores e objetivos comuns, conforme descrito na Declaração de Singapura. Estes incluem a promoção da democracia, direitos humanos, boa governança, Estado de direito, liberdade individual, igualitarismo, livre-comércio, multilateralismo e a paz mundial.

    Apesar de, como visto acima, a Commonwealth não ser uma união política, mas uma organização intergovernamental através da qual os países com diversas origens sociais, políticas e econômicas se unem com objetivos em comum, a organização serviu para que Elizabeth II mantivesse pelo menos parte do prestígio de outrora.

    Durante sua vida de cumprimento ao dever, a Rainha recebeu 1,5 milhões de pessoas em festas nos seus jardins, compareceu a 21.000 eventos oficiais, amadrinhou mais de 500 organizações beneficentes, visitou mais de 100 países como Chefe de Estado e empossou 15 Primeiros-Ministros, de Sir Winston Leonard Spencer Churchill a Liz Truss.

    Noutras palavras, ela foi uma constância em um mundo que teimou em mudar rapidamente e “seguir adiante”, como diz Stephen King em seu épico “A Torre Negra”.

    Muitas pessoas contestam a Monarquia, mas a verdade é que ela é boa para o Reino Unido, que é uma das maiores economias do planeta, sendo, inclusive, integrante do seleto Grupo dos Oito (G-8), que é formado pelas sete nações mais ricas e industrializadas do mundo, além da Rússia.

    Seus índices sociais são excelentes, aliás. A expectativa de vida no Reino Unido é de 79,2 anos, 100% dos domicílios contam com acesso à água potável, o Índice de Desenvolvimento Humano é de 0,849 (muito alto), e o PIB per capita é de 45.549 dólares anuais, por exemplo.

    Muita gente se pergunta se a Monarquia vale o quanto custa para  o Reino Unido. E a resposta é um sonoro sim. A Brand Finance afirma que a relação custo-benefício é favorável ao Reino Unido. Através de uma estimativa feita em 2017, o valor equivaleria a apenas 4,50 libras por pessoa por ano.

    Mas é sempre bom lembrar que a principal fonte de renda da Monarquia provém de um fundo chamado Sovereign Grant, que administra os aluguéis de diversos imóveis que não pertencem ao Monarca, à família Windsor ou ao Governo, mas estão sob posse do Rei em exercício, que não tem autonomia pra vendê-los ou cedê-los.

    Isso sem falar que a simples existência da Família Real é boa para os negócios, pois áreas como turismo, hotelaria, gastronomia e comércio são profunda e positivamente impactadas, gerando lucro para o Governo e empresários, além de empregos para os súditos. Tanto que a Consultoria Brand Finance estimou valor da marca “The Royal Family” em 67,5 bilhões de libras.

    O último levantamento do YouGov, feito pelo Governo Britânico mostra que 82% dos britânicos achavam que a Rainha fazia um bom ou ótimo trabalho. O resultado é ainda mais relevante porque a enquete foi feita quando a Soberana teve que abrir mão de participar da COP26 por recomendação médica.

    Acredito que um bom resumo do que seja a Rainha tenha sido feito pelo publicitário Washington Olivetto: “A Rainha Elizabeth é a melhor agência de propaganda que a Inglaterra poderia ter”.

    Por fim, encerro essa coluna com um comentário que fiz no meu perfil do Facebook quando soube de sua morte:

    “Hoje o Mundo perdeu um de seus faróis da liberdade.

    Obrigado, Sua Alteza Real Elizabeth II, por 70 anos de trabalho em prol da coisa comum, notadamente por ter apoiado Sir Winston Churchill no trabalho de livrar o mundo do Nazismo”.

     

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